Em entrevista, Lula erra sobre gasolina e acerta ao relembrar preço do gás
Durante entrevista à rádio Jovem Pan de Aracaju na manhã de ontem (20), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva errou ao falar da produção de gasolina no Brasil e não deu o contexto completo de dados sobre empregos durante os anos de governo do PT.
Por outro lado, o petista acertou ao citar números do desemprego atual no Brasil e ao lembrar que, durante seus mandatos, o preço do gás na refinaria de fato não aumentou. Veja as declarações checadas pelo UOL Confere:
São 15 milhões de desempregados, 6 milhões de pessoas que não procuram mais emprego e mais 33 milhões subempregadas."
Lula em entrevista à Jovem Pan de Aracaju
VERDADEIRO: Os números condizem com os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). A taxa de desempregados foi um pouco inflada, mas apresenta valor próximo do registrado no último trimestre móvel — 14,8 milhões. Os três índices citados por Lula são os piores desde o início da série histórica, em 2012.
Foi o governo que mais gerou emprego, foram 22 milhões de empregos formais que nós criamos."
SEM CONTEXTO: Os valores foram citados de forma abrangente pelo ex-presidente Lula, sem especificar o que ele categoriza como empregos formais ou de onde retirou os dados. Além disso, em dois cálculos diferentes os números foram inflados pelo petista, que já fez declaração semelhante em outras vezes, conforme checagem feita pelo UOL Confere em 2017.
Segundo dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) de 2003 a 2015, a soma de vagas geradas nos governos Lula e Dilma indica 19,3 milhões de novos empregos, incluindo vagas CLT, estatutárias, temporárias e avulsas.
Já o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que avalia apenas os dados de vagas CLT, aponta 14,1 milhões de novas vagas abertas no período.
É por isso que a gente, durante todo o período do meu governo, não aumentou o preço do gás na empresa."
VERDADEIRO: Durante os dois mandatos de Lula (2003-2010), o preço médio do botijão de 13 kg do gás de cozinha (GLP) na refinaria variou muito pouco: oscilou entre o mínimo de R$ 11,26 e o máximo de R$ 11,42.
O preço médio final do botijão — aquele que chega ao consumidor — variou do mínimo de R$ 28,80 no primeiro ano de mandato de Lula para R$ 38,58 no último. O preço final inclui impostos e as margens de lucro de distribuição e revenda. O valor médio do botijão disparou em 2021, chegando a R$ 87,43 em junho, como mostrou reportagem do UOL Economia.
Os dados do governo Lula são da ANP (Agência Nacional do Petróleo) e foram consultados no site do Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo).
Não tem explicação a gasolina brasileira estar equiparada ao preço internacional. Você poderia fazer isso se o Brasil fosse um país importador de gasolina, se o Brasil fosse um país dependente de petróleo. O país é autossuficiente."
FALSO: Mesmo autossuficiente em petróleo há pelo menos 15 anos, o Brasil ainda importa gasolina e derivados de petróleo e, por isso, está sujeito aos preços do mercado internacional.
Especialistas consultados pelo UOL e pela BBC afirmam que a capacidade de refino do petróleo para produzir combustível é abaixo da necessária para abastecer o mercado interno, o que leva o país a exportar barris, mas também a importar o produto.
Além disso, parte do petróleo produzido no Brasil não é do mesmo tipo utilizado na gasolina, o que demanda a importação de outros tipos de derivados para compor a mistura que dá origem à gasolina.
O país está fechando suas refinarias e importando gasolina dos EUA."
INSUSTENTÁVEL: Em fevereiro, a Petrobras anunciou a venda da Rlam (Refinaria Landulpho Alves), na Bahia, ao grupo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes. A refinaria é uma entre oito colocadas à venda pela estatal. No entanto, não há informação que sustente que a refinaria foi fechada ou que as outras fecharão caso sejam vendidas.
Nós tínhamos acabado com a fome, [isso foi] reconhecido pela ONU em 2012."
DISTORCIDO: O Brasil deixou o mapa da fome em 2014, segundo relatório global da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) publicado naquele ano. Isso não significa que a fome havia acabado de vez no país. Embora o percentual de pessoas em situação de subalimentação fosse abaixo de 2%, a então ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, declarou que a fome existia ainda em grupos específicos.
Se você fizer qualquer pesquisa em qualquer estado brasileiro e perguntar qual é o partido de preferência, o PT estará em primeiro lugar com mais de 20% e o segundo lugar com menos de 2%."
DISTORCIDO: A última pesquisa de intenção de voto do Datafolha para as eleições de 2022, publicada no dia 9, também trouxe dados sobre o partido de preferência dos entrevistados. O PT foi de fato o partido mais mencionado (22%), mas a resposta mais frequente foi "nenhum/não tem" (59%).
Além disso, o PT não supera 20% da preferência do eleitorado em todas as regiões. Na região Sul, o partido tem 17%, seguido pelo MDB, com 4%. A margem de erro máxima do levantamento é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
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