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Governo Lula não aboliu 'brasileiros dormindo na rua', como disse petista

Rayanne Albuquerque

Do UOL, em São Paulo

19/01/2022 18h59Atualizada em 20/01/2022 21h46

É falso que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "aboliu" o número de pessoas "dormindo na rua" no Brasil, como disse o político hoje em entrevista coletiva. Apesar da escassez de dados nacionais sobre pessoas em situação de rua, números divulgados pelo extinto Ministério do Desenvolvimento Social durante a própria administração do petista indicam o contrário do que ele disse.

Lula governou entre 2003 e 2010. Em 2009, o Ministério do Desenvolvimento Social identificou 31.922 pessoas maiores de 18 anos em situação de rua no primeiro censo nacional voltado para esta população. A pesquisa foi feita entre agosto de 2007 e março de 2008 em 71 cidades brasileiras, e incluiu pessoas sem "referência de moradia regular".

O censo não incluiu dados sobre São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, que haviam feito pesquisas semelhantes em anos próximos. Segundo outro documento do governo federal, com os números destas três cidades, o total da população em situação de rua no Brasil naquele momento chegava perto de 50 mil pessoas.

Nós precisamos discutir quem é que está preocupado com os milhões de brasileiros que estão dormindo na rua, de forma vergonhosa, coisa que nós tínhamos abolido no nosso governo."
Lula em entrevista a veículos de imprensa

Estudo indica crescimento da população de rua

Em setembro de 2012, já na gestão de Dilma Rousseff (PT), havia 92.515 brasileiros em situação de rua, segundo estimativa divulgada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em junho de 2020. O levantamento foi feito a partir de dados reportados por prefeituras para cadastros de assistência social do governo federal. O Ipea é um órgão vinculado ao Ministério da Economia.

O mesmo estudo do Ipea mostrou que entre setembro de 2012 e março de 2020, período que abrange as gestões de Dilma, Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), houve um salto de 140% no número de brasileiros vivendo nas ruas do país, chegando a um total de 221.869 pessoas.

A pesquisa destaca que houve avanços dos governos na inclusão da população de rua nos cadastros de assistência social, com mais municípios reportando dados, mas ainda havia "um bom número de pessoas descobertas".

O levantamento diz ser provável que o crescimento da população de rua tenha forte relação com a crise econômica e o aumento do desemprego. O estudo também afirma que "chama atenção, para além do crescimento [da população de rua] ao longo dos anos, a aceleração recente desse crescimento."

Os números citados nesta checagem não formam uma série histórica contínua por serem de fontes diferentes, podendo ter metodologias distintas na sua contagem, mas servem como um parâmetro para compreender o cenário da população de rua no Brasil. Em junho, o UOL publicou reportagem mostrando como a pandemia agravou a realidade daqueles que não têm onde morar.

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