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Covid: boatos sobre vacina infantil circulam nas redes; veja checagens

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

14/01/2022 12h52

As primeiras doses da vacina infantil contra a covid-19 chegam aos estados brasileiros hoje (14), quase um mês após a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovar a imunização de crianças de 5 a 11 anos. Desde então, boatos sobre os imunizantes ganharam força nas redes e em aplicativos de mensagem. Veja abaixo alguns deles e as respectivas checagens:

  • É falso que vacina tenha 'proteína tóxica'

É falso que a vacina da Pfizer gere proteínas "tóxicas" e que causam problemas para crianças. A vacina induz a produção de uma proteína que "imita" o coronavírus, mas sem ser nociva como ele, apenas para que o organismo reaja produzindo anticorpos e, com isso, crie defesas contra a infecção (saiba mais nesta reportagem de VivaBem). Segundo o CDC, órgão de saúde pública do governo americano, o corpo humano elimina a proteína após algumas semanas. Alegações parecidas já foram checadas pelas agências Lupa e Aos Fatos (veja aqui e aqui). O alerta sobre este boato foi enviado por uma leitora pelo email uolconfere@uol.com.br.

  • É falso que vacina seja 'experimental'

É falso que a vacina contra a covid para crianças esteja em fase "experimental". A vacina da Pfizer, que foi a aprovada pela Anvisa para o público infantil, teve o registro definitivo aprovado pela agência em fevereiro do ano passado após atender a requisitos de segurança, eficácia e qualidade demonstrados em três fases de estudos. Em nota enviada ao UOL Confere, a Anvisa informou que "as vacinas contra covid-19 aprovadas em caráter experimental são aquelas que não obtiveram registro sanitário definitivo, mas tiveram autorização de uso emergencial" — o que não é o caso da vacina da Pfizer.

Em nota técnica sobre a vacinação de crianças contra a covid, divulgada em 23 de dezembro, a Anvisa explicou novamente que a vacina da Pfizer está "devidamente registrada, não se tratando de produto experimental". O UOL Confere publicou duas checagens desmentindo alegações com este teor (leia aqui e aqui).

  • Risco de miocardite é muito baixo; ter covid gera risco bem maior

Uma checagem feita pelo Projeto Comprova, do qual o UOL faz parte, mostrou que a proteção oferecida pela vacina supera o risco de miocardite; e que os casos associados à vacinação são raros e, em geral, leves. Mais de 30 países já vacinam crianças contra a doença. Nos EUA, após a aplicação de 7,1 milhões de doses em crianças, foram relatadas 14 suspeitas de casos de miocardite.

No Brasil, até segunda (10), a Anvisa havia registrado 125 suspeitas de miocardite, pericardite ou miopericardite, sendo 21 deles na faixa de 12 a 17 anos de idade. Não havia nenhum óbito confirmado por miocardite ou pericardite decorrente da vacina, em nenhuma faixa etária.

De acordo com a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), o risco de desenvolver miocardite durante a covid-19 é 20 vezes maior do que o risco de desenvolvê-la devido à vacina. As duas sociedades emitiram uma nota conjunta no dia 31 de dezembro reforçando a orientação para que crianças de 5 a 11 anos com cardiopatias sejam imunizadas contra a covid com o imunizante da Pfizer.

  • Morte de adolescente vacinada ainda está sendo investigada

Circulou nas redes na última semana o caso da morte de uma adolescente de 13 anos de Araranguá (SC). Posts atribuíram o falecimento à vacina da Pfizer, mas as causas do óbito ainda estão sendo investigadas, informou ao UOL Confere a secretaria de Saúde de Santa Catarina. Segundo o órgão, "o óbito pode estar associado a outras causas e não necessariamente à vacina." Três infectologistas consultados pela reportagem disseram que é necessário fazer uma série de procedimentos para ser possível avaliar a eventual relação entre uma vacina e uma morte. Leia aqui a checagem completa.

  • Médico usa dados deturpados para dizer que vacina foi causa de abortos

É enganosa a afirmação feita em um vídeo compartilhado nas redes sociais de que 82% das grávidas vacinadas contra a covid-19 sofreram aborto no primeiro trimestre de gestação em um estudo conduzido nos EUA e que este seria um motivo para gestantes não serem vacinadas. O percentual não é citado no levantamento, como mostra checagem do Projeto Comprova.

A vacinação de grávidas é recomendada por órgãos oficiais e entidades que representam médicos que atuam na área. Em outubro, levantamento publicado pelo Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 mostrou que gestantes com quadros graves da doença e que não se vacinaram têm cinco vezes mais chance de morrer do que as vacinadas. No Brasil, a vacinação de pessoas grávidas com o imunizante da Pfizer é recomendada com a orientação de um médico pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19, pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela própria Pfizer.

  • É falso que vacina injete 'DNA alienígena'

Uma checagem do Projeto Comprova mostrou ser falsa a afirmação de que vacinas contra a covid-19 injetam "DNA alienígena" nas pessoas. Nenhuma vacina injeta DNA nas pessoas. A alegação tem relação com o falso entendimento de que as vacinas que usam a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) injetam DNA ou provocam alterações genéticas nas pessoas, o que não é verdade. No Brasil, apenas a vacina da Pfizer usa essa tecnologia.

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