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Abrir registro do botijão pela metade não economiza gás e gera riscos

Rayanne Albuquerque

Do UOL, em São Paulo

14/04/2022 04h00Atualizada em 19/04/2022 11h27

É falso que abrir o registro (válvula) do botijão de gás de cozinha pela metade ajuda a economizar o produto, como afirmam postagens que circulam nas redes sociais. A prática, na verdade, aumenta o desperdício e gera riscos de segurança. O boato surgiu por volta de agosto de 2021 e voltou a ser compartilhado no TikTok e no Facebook após a Petrobras anunciar um novo reajuste nos preços dos derivados de petróleo.

Um dos posts, compartilhado em um grupo do Facebook, alcançou mais de 1.180 interações. Na legenda, a usuária rebateu membros que a desmentiam. "Para quem diz que não funciona, que é mentira ou fake, eu sigo dizendo que para mim funciona. Não tenho porquê mentir, não ganho nada com isso". Ela também diz estar com o mesmo botijão há quase 10 meses graças à técnica e que antes ele durava cerca de 6 meses.

O vídeo que acompanha a publicação mostra um homem executando a técnica que promete a economia de gás em até 50% — o que não é verdade. "Grande economia no consumo de gás, não é nem economia, isso impede desperdício. Esse registro serve para filtrar o gás que sai do botijão e que vai para o seu fogão alimentar a chama", diz um trecho da narração feita por um homem que não tem o rosto ou a identidade revelados.

Reduzir a circulação do gás que passa pela válvula faz com que a chama do fogão trabalhe sob baixa pressão. O vento pode acabar apagando o fogo e causar um vazamento. A queda de pressão também faz com que o botijão não seja melhor aproveitado quando estiver com pouco gás. Ou seja: a sensação de economia com o método que circula nas redes não é verdadeira.

"Assim, a impressão é de que o gás acabou, fazendo com que pareça necessário fazer a troca enquanto ainda há gás disponível para o uso", diz a distribuidora Copagaz em um comunicado sobre os perigos de deixar a passagem do gás pela metade.

O registro ou válvula é o dispositivo responsável por regular a passagem de gás pela mangueira, possibilitando o abastecimento do fogão, cooktop, chuveiro ou aquecedor de gás. Todos os reguladores de gás devem ser fabricados por empresas avaliadas e autorizadas pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

Segundo a cartilha informativa do Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo) os equipamentos precisam ter o selo do órgão em alto-relevo e a indicação da norma NBR 8473. Sem estas especificações, o aparelho não é seguro e não deve ser utilizado.

Botijão de gás chega a R$ 150

Em março, o preço médio do botijão de gás de cozinha chegou a R$ 150 em São Paulo, segundo um levantamento da Folha com base em informações do Sergás (Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás). Para facilitar as vendas, distribuidores adotaram como prática o parcelamento do botijão aos consumidores.

Segundo o mais recente levantamento da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o preço médio do botijão de gás no Brasil estava em R$ 113,54 na semana de 3 a 9 de abril. O preço mínimo registrado foi de R$ 88; e o máximo, de R$ 150. Um ano atrás, o preço médio era R$ 84,05.

O reajuste de 16,1% passou a valer em 11 de março, mas a estatal voltou atrás e reduziu em 5,58% o preço do GLP para distribuidoras, a partir de 9 de abril. Em um comunicado, a empresa detalhou que as mudanças ocorreram por conta da estabilidade das cotações e taxas de câmbio.

O preço médio do quilo do GLP passou de R$ 4,48 a R$ 4,23. Um botijão de 13 kg, por exemplo, ficou em R$ 54,94 para as distribuidoras — antes, era R$ 58,24.

O Boatos.org, o Fato ou Fake, o Estadão Verifica e o Aos Fatos também checaram conteúdos sobre este assunto.

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