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Eleições 2022: Como é feita a contagem de votos?

Urnas eletrônicas são usadas desde 1996 nas eleições brasileiras - SOPA Images/LightRocket via Gett
Urnas eletrônicas são usadas desde 1996 nas eleições brasileiras Imagem: SOPA Images/LightRocket via Gett

Colaboração para o UOL

19/08/2022 04h00

A contagem de votos nos dois turnos das eleições presidenciais deste ano começa antes mesmo da chegada dos dos 156,5 milhões de eleitores brasileiros às suas seções eleitorais.

O processo passa por conferir cada urna para checar que não há votos computados a nenhum candidato antes da abertura dos colégios eleitorais; pela divulgação pública dos números registrados em cada seção após o término da votação; além do uso de tecnologia que proteja o sigilo do eleitor, o envio dos dados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e, enfim, a totalização por supercomputadores.

Como tudo acontece? Antes do início da votação, em cada urna eletrônica é impressa a zerésima: uma lista com os nomes de todos os candidatos, para mostrar que nenhum recebeu votos e provar, portanto, que a urna ainda não contém nenhum registro.

Na sequência, começa o processo eleitoral, com a abertura dos colégios e a chegada dos eleitores. Os votos são computados dentro de cada urna de maneira embaralhada e criptografada. A intenção é que ninguém consiga identificar quem votou em quem. Ao longo do dia, os votos digitados por cada eleitor são armazenados dentro do sistema de cada urna.

O sistema é seguro? As urnas eletrônicas possuem mais de 30 camadas de segurança "que tornam a fraude nas eleições altamente improvável, em especial no brevíssimo tempo da transmissão de dados, garantindo integridade, confiabilidade e autenticidade", afirma o TSE.

Entre este 30 mecanismos estão, além da zerésima, lacres de segurança especiais, que mostram qualquer tentativa de violação do equipamento, e o log da urna (semelhante à caixa-preta de avião), que registra todos os eventos ocorridos.

Acabou a votação. E agora? A partir das 17h, quando termina a votação, o sistema interno de cada urna calcula o total de votos. Neste momento, ocorrem dois processos:

  1. A urna imprime, em cinco vias, o BU (Boletim de Urna), que informa a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, além dos nulos e em branco. Uma das vias impressas é afixada no local de votação, visível a todos, de modo que o resultado da urna se torna público e definitivo. As outras vias do BU são entregues aos fiscais das agremiações partidárias.
  2. O sistema interno da urna produz um arquivo chamado RDV (Registro Digital de Voto), que é gravado em uma espécie de pen drive, chamado Memória de Resultado, de uso exclusivo da Justiça Eleitoral.

Toda urna tem backup. Por precaução, os mesmos dados contidos na Memória de Resultado continuam armazenados em um cartão de memória dentro da urna, funcionando como backup caso exista algum problema com o outro dispositivo.

Para onde vão os votos? A Memória de Resultado de cada urna é levada por um fiscal para um ponto físico com acesso ao sistema do TSE. Ali, os dados são transmitidos por meio de uma VPN (um espécie de túnel digital que cria uma conexão segura pela internet). Na sede do TSE, em Brasília, um supercomputador calcula todos os votos enviados.

Até as eleições de 2018, os dados contidos na Memória de Resultado eram transmitidos para o TRE de cada estado, que somava os resultados e depois repassava para o TSE. Porém, nas eleições municipais de 2020, o processo mudou e foi centralizado no TSE, em Brasília.

Por que mudou? A alteração ocorreu após análise da Polícia Federal, que sugeria mudanças para tornar a contagem mais segura. Na época, a PF argumentou que a mudança foi uma forma de diminuir pontos de risco em que o processamento de dados poderia ser comprometido. Antes havia 27 pontos - nos 26 estados e no Distrito Federal. Com a centralização, há apenas um.

Que ponto é esse? Em 2020, foi contratado o serviço de um supercomputador da Oracle para reunir votos das eleições de prefeitos e vereadores de todo o país. Vale ressaltar que a Oracle não é a responsável pela contagem dos votos, mas pela manutenção do computador, —eventuais consertos ou trocas de peça do aparelho, por exemplo.

TSE não armazena votos na nuvem. Nas eleições de 2020, o TSE precisou esclarecer que não utiliza um serviço de nuvem — modelo utilizado para salvar dados na internet — para armazenar a soma de votos de urnas eletrônicas no Brasil e que "os bancos de dados são integralmente gerenciados pelo tribunal".

O órgão também disse que o serviço oferecido, chamado de "Cloud at Costumer" (Nuvem no Cliente, em tradução livre), instala na sede do TSE dois computadores: um principal e um reserva, para ser usado em caso de falhas.

Os equipamentos são chamados de supercomputadores por causa do tamanho e ficam na sala-cofre do TSE, protegidos contra ações da natureza e humanas.

A Oracle fornece também os softwares de banco de dados e presta serviços de suporte e atualização dos produtos, mas quem controla o equipamento é a equipe do TSE.

O TSE e os 27 TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) utilizam o sistema de banco de dados da Oracle há mais de uma década —os serviços da empresa foram contratados em todas as eleições com sistema de votação eletrônica desde 1996. O contrato atual foi firmado em março de 2020 e tem validade até 2024.

Sobre as urnas. No Brasil, as urnas eletrônicas são usadas desde 1996. O processo eletrônico agilizou divulgação do resultado. Nas eleições de 1994, ainda com contagem manual, a vitória de Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) demorou 14 dias para ser oficializada. Hoje, é possível saber no mesmo dia da votação quem foram os escolhidos.

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