Vídeo de Girão é distorcido para sugerir que Moraes sofrerá impeachment
Publicações compartilhadas nas redes sociais distorcem um vídeo de agosto deste ano para afirmar que o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, está passando por processo de impeachment e que será réu em investigação, o que não é verdade.
A postagem usa discurso do senador Eduardo Girão (Podemos-CE) sobre o inquérito das fake news de agosto deste ano em que ele comemora a aprovação de que Moraes seja ouvido na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado Federal sobre o inquérito das fake news. Ministro do STF e presidente do TSE, Moraes ainda não foi ouvido na Comissão.
O que diz o vídeo. O narrador começa o vídeo falando: "Notícias urgentes. Pedido de afastamento do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e agora a coisa vai ficar preta pro lado dele".
Na sequência, exibe vídeo em que Girão diz que, no dia seguinte, o Senado aprovaria um requerimento para ouvir Alexandre de Moraes na Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle, além de juristas "incomodados em relação ao inquérito 4781, mais conhecido como o inquérito da fake news, onde o STF, o ministro, é a vítima, é o delegado, é o investigador, é o promotor, é o dono da bola". Segundo Girão, o devido processo legal "não está sendo observado em nosso país e isso sim é um risco à democracia".
A gravação tem como legenda a seguinte frase: "SUA HORA ESTÁ CHEGANDO, GOSTA TANTO DE MANDAR PRENDER NÃO É MESMO POIS AGORA VAI TER QUE EXPERIMENTAR DO SEU PRÓPRIO VENENO!!". No vídeo também há tarjas com os questionamentos: "Impeachment?" e "Juiz virou réu?".
O vídeo. A fala do senador Eduardo Girão, de 28 de agosto, não tem relação com o suposto impeachment de Alexandre de Moraes nem com as eleições presidenciais deste ano. O depoimento à comissão seria sobre as medidas tomadas pelo presidente do TSE contra a propagação de fake news por veículos midiáticos e figuras públicas.
O vídeo omite parte da fala de Girão, em que ele vê "uma escalada autoritária, antidemocrática" nas medidas contra a desinformação por parte de Alexandre de Moraes como presidente do TSE "ao decidir recentemente pela busca e apreensão de contas, inclusive nas redes sociais, de oito empreendedores que, na opinião do ministro, estariam tramando um golpe contra a democracia".
O discurso do senador aconteceu na 89ª Sessão Deliberativa Ordinária (Semipresencial) da 4ª Sessão Legislativa Ordinária da 56ª Legislatura e está disponível na íntegra no site oficial do Senado —em um trecho de 7 minutos e meio a partir de 14h44.
Inquérito das fake news. O inquérito das fake news, ou o inquérito 4781, foi aberto em março de 2019, pelo então presidente do STF, Dias Toffoli, para investigar ataques por meio de notícias falsas, calúnias e ameaças que atingissem a Corte, seus ministros e familiares.
O juiz Alexandre de Moraes foi nomeado relator por Toffoli. Entre os investigados, estão apoiadores e aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Já foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão.
Desde o início, o inquérito é motivo de polêmica. Em junho, o plenário do STF julgou que a investigação está de acordo com a Constituição, em resposta a uma ação do partido Rede Sustentabilidade, que alegava, entre outros pontos, que o processo foi aberto sem alvos determinados. Em 2019, uma decisão de Moraes tirou do ar no site da revista Crusoé uma reportagem negativa sobre Toffoli, medida que foi apontada como censura por colegas da Corte.
O UOL Confere considera como distorcido conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.
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