Rússia não interceptou adrenocromo; história é teoria da conspiração
É falso que a Rússia tenha interceptado um carregamento de adrenocromo que seguia da Ucrânia para a Polônia e tinha como destino final os Estados Unidos. A história, de um site americano conhecido por publicar conteúdos falsos, tem sido desmentida por agências de checagem do mundo todo. Não há registros de que o governo russo tenha interceptado carregamento desse tipo.
O conteúdo traduzido circula em perfis brasileiros nas redes sociais e tem relação com uma teoria da conspiração QAnon (leia aqui e aqui). A falsa teoria alega que a elite internacional tortura crianças para obter, a partir de seus rins, a substância —supostamente capaz de oferecer juventude e efeitos alucinógenos. As vítimas seriam supostamente mantidas em cárcere por uma rede internacional de tráfico de pessoas envolvendo políticos e celebridades (leia aqui, em espanhol).
Esta desinformação tem sido desmentida internacionalmente —a reportagem encontrou referências de Portugal (aqui), França (aqui) e EUA (aqui).
O que é o adrenocromo, afinal? É uma substância orgânica obtida a partir da oxidação do hormônio adrenalina. Pode ser obtida em laboratório a partir da junção da adrenalina —também sintética— com o óxido de prata, que atua como oxidante.
Não há comprovação de supostos efeitos psicodélicos da substância. O adrenocromo é comercializado em sites especializados em produtos químicos para pesquisadores. A indústria farmacêutica utiliza um derivado do adrenocromo, o carbazocromo —conhecido por adrenoplasma— como medicamento anti-hemorrágico.
Outra desinformação sobre a substância, publicada pelo mesmo site, o Real Raw News, diz ainda que o presidente russo, Vladimir Putin, teria destruído um laboratório de adrenocromo na Ucrânia. Esses conteúdos foram desmentidos pelo PolitiFact, agência de checagem dos EUA (veja aqui e aqui), pelo Facta News, da Itália (veja aqui e aqui) e também pela AFP, no Brasil (aqui) e na França (aqui).
O UOL Confere já desmentiu outro conteúdo falso publicado pelo site, que dizia que o presidente russo teria mandado destruir as vacinas contra covid-19 no país. A publicação relacionava falsamente as vacinas com a infecção pelo vírus HIV (veja aqui).
Foram consultados para essa checagem o professor doutor Lippy Faria Marques, do Instituto de Química da UERJ, e o site do Instituto Questão de Ciência (aqui), presidido pela microbiologista Natalia Pasternak.
A sugestão desta checagem foi enviada por leitores do UOL Confere para o WhatsApp (11) 97684-6049. Pedidos também são recebidos pelo email uolconfere@uol.com.br.
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