Jovens não protestaram na Polônia para exigir direito de 'viver como cães'
É falsa a informação compartilhada no Facebook de que jovens foram às ruas da Polônia neste mês protestar pelo direito de se identificarem como cachorros.
O que o vídeo mostra é uma manifestação de jovens LGBTQIA+ contra uma ação de conservadores católicos, ocorrida há quase três anos em Varsóvia, capital polonesa.
O que diz o post?
- "Há dias, na #Polónia houve uma manifestação de um grupo de jovens que se identificam como cachorros e exigiam os seus direitos de viver como cães".
Por que o conteúdo é falso?
- A ferramenta busca reversa do Google Imagens ajuda a esclarecer o fato. Um dos resultados é um texto publicado pelo grupo conservador de jovens católicos TFP (Tradição, Família e Propriedade), que protagonizou o embate (veja aqui). No texto, eles afirmam que o grupo LGBTQIA+ latiu para eles e não mencionam a suposta defesa do direito de se identificarem como cães.
- O protesto não é recente. A rádio Zet, da Polônia, noticiou o embate em setembro de 2020. Os conservadores coletavam assinaturas para projeto de lei "Stop LGBT" (veja aqui). Eles tentavam atrair apoiadores tocando gaitas de fole em frente a uma estação de metrô no centro de Varsóvia.
- A reportagem também informa que os jovens LGBTQIA+ se manifestaram contra o projeto latindo para os católicos. A matéria não registra qualquer reivindicação do suposto direito apontado no post.
O contexto por trás da cena
- O presidente polonês, Andrzej Duda é declaradamente homofóbico. Apoiador de Donald Trump, ele foi reeleito em julho de 2020, prometendo impedir o casamento gay e a adoção de filhos por casais homossexuais.
- Varsóvia foi palco de protestos após a prisão de quase 50 ativistas LGBTQIAP+ em agosto do mesmo ano. O embate registrado no vídeo ocorreu no mês seguinte.
- Entre os presos estava a ativista Margot, uma pessoa não binária acusada de pichar uma caminhonete de uma organização extremista antiaborto que exibia frases homofóbicas e agredir um ocupante do veículo. Margot integrou a campanha que colocou bandeiras de arco-íris, símbolo da causa LGBTQ+, em estátuas de poetas, cientistas e de Jesus Cristo em Varsóvia.
- As prisões geraram protestos não só da oposição polonesa, mas de entidades internacionais de direitos humanos e instituições europeias.
Sugestões de checagens podem ser enviadas pelo WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.
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