Covid-19: Fake que afirma que vacina 'causa câncer' volta a circular
É falso o conteúdo de um vídeo que afirma que as vacinas contra covid-19 desencadeiam doenças autoimunes e câncer.
As autoridades de saúde brasileiras afirmam que os imunizantes são seguros. O material, em versão de áudio, já foi desmentido pelo Projeto Comprova (aqui), em novembro de 2021, e voltou a circular nos últimos dias em grupos bolsonaristas no WhatsApp.
O que diz vídeo falso?
"Doutor Nelson Modesto fala sobre o que descobriu em sua análise sobre as vacinas covid", diz um texto que aparece no início do vídeo.
Antes e depois do texto, o vídeo mostra uma foto do médico, sobre a qual é sobreposto o áudio falso. Procurado pelo Comprova ainda em 2021, ele confirmou a autoria do áudio.
Nele, o especialista em clínica médica faz a afirmação falsa de que o insumo chinês foi feito "de propósito" para que a população desenvolva doenças autoimunes e câncer.
"Nas vacinas, eu detectei citomegalovírus, epstein-barr, HIV, HPV e outros sem grande importância. Esses quatro iniciais são oncogênicos, desencadeiam câncer".
Segundo o áudio, o insumo chinês contém nagalase, óxido de grafeno e nanopartículas de grafeno, substâncias que causariam as doenças citadas por ele.
Por que é falso?
Não há evidência científica de que cause câncer. "As vacinas ofertadas à população, incluindo as contra a covid-19, são comprovadamente seguras, eficazes e aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)", afirma o Ministério da Saúde (aqui). A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) diz não haver "qualquer evidência científica que correlacione a vacina de covid-19 ao câncer".
IFA é matéria-prima de qualquer imunizante. O "insumo chinês" que o homem cita no áudio é o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), concentrado que contém a informação necessária para que o organismo se prepare para agir contra um corpo invasor. O IFA da Astrazeneca, por exemplo, é produzido no Brasil desde junho de 2021. O da Coronavac é importado da China.
Substâncias tóxicas não integram vacinas. Nagalase (enzima chamada de proteína de ligação à vitamina D), óxido de grafeno e nanopartículas de grafeno não estão presentes nos imunizantes disponíveis no Brasil. Os sites da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunização) e da Anvisa descrevem a constituição e os efeitos adversos de cada vacina (aqui e aqui).
Efeitos adversos descritos nas bulas. As vacinas brasileiras aprovadas pela Anvisa (AstraZeneca, Coronavac, Janssen e Pfizer) podem causar cefaleia, fadiga, febre, calafrios e náuseas, entre outros. Os relatos são atualizados e publicados no site da agência.
Os dados são públicos. Informações que garantem a segurança das vacinas também estão disponíveis para consulta no site da Anvisa (aqui). Nenhum dos imunizantes usados no país tem câncer, HPV, HIV ou outras doenças citadas no áudio como possíveis efeitos secundários.
O UOL Confere aplica o selo falso a conteúdos que não têm amparo em fatos e podem ser desmentidos de forma objetiva.
Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.
Fabíola Cidral conta como reconhecer logo de cara uma fake news
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