Vídeo omite contexto da variação dos juros do empréstimo consignado
Um vídeo que circula no Whatsapp omite parte do contexto da variação dos juros do empréstimo consignado ao afirmar que o presidente Lula se diz indignado com a taxa, apesar de aumentá-la.
A taxa atual, de 1,97%, é mais baixa que a de 2,14%, que vigorava desde 2021.
O pedido de checagem foi enviado ao UOL Confere pelo WhatsApp (11) 97684-6049.
O que diz o post
"Esquecido ou Político?", diz um texto acima do vídeo.
"Gente essa matéria de hoje: 'Lula diz que juros de consignado é roubo e que vai rever taxas'. Olha ele hoje: 'Lula diz que juros de consignado causam indignação'. Olha a taxa: 1,97%. Peguei uma matéria de três meses atrás, gente: 'Teto do empréstimo consignado do INSS sobe para 1,97% ao mês. Valor foi decidido por Lula após impasse entre Fazenda e Previdência'. Ele decidiu o valor há três meses atrás (sic) e agora ele fala que está indignado e que a taxa é roubo. Aí quem não lembra que foi ele que decidiu ou quem não se informou, quem não leu, o que vai falar? 'Nossa, ele tá querendo baixar, ele tá lutando para baixar a taxa'. Gente, mas foi ele mesmo. É muito político, cara", diz a autora do vídeo.
Por que é impreciso?
Na live semanal Conversa com o Presidente, Lula realmente se disse indignado com a taxa de juros do empréstimo consignado (aqui) e criticou o valor. Ao citar "roubo", ele se referiu à taxa de empréstimo do BNDES.
Vou conversar com o Haddad, com os presidentes dos bancos, para saber como a gente está lesando o povo pobre nisso. A gente está dando como garantia a folha de pagamento e ele [trabalhador] ainda paga mais caro que o empresário pelo empréstimo. O cara vai ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], pega empréstimo a 14% ao ano. É muito caro, é um roubo, mas é metade do que paga o crédito consignado, que dá garantia. Não tem como dar cano, porque desconta na folha".
Lula em seu programa semanal 'Conversa com o presidente'
A autora da desinformação erra sobre a atuação do governo em relação ao crédito consignado. A taxa, na verdade, foi reduzida.
A taxa do empréstimo consignado era de 2,14% desde dezembro de 2021 (aqui). O governo diminuiu para 1,7% em 13 de março de 2023. O valor durou apenas uma semana. Sob pressão dos bancos, a taxa subiu a 1,97% no dia 28 do mesmo mês.
O UOL Confere aplica o selo impreciso para alegações sem contexto suficiente para a compreensão correta do assunto.
O vaivém da taxa do consignado
Em 13 de março, o CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social) aprovou a queda dos juros do empréstimo consignado do INSS. A taxa do empréstimo pessoal, que era de 2,14% ao mês, caiu para 1,7% (aqui).
A redução tinha apoio do ministro da Previdência, Carlos Lupi, mas não do Ministério da Fazenda, nem do próprio Planalto (aqui) —a Folha noticiou que Lupi foi um dos alvos da bronca pública de Lula na reunião ministerial de 14 de março (aqui).
Depois que a decisão do CNPS foi oficializada no Diário Oficial (aqui), diversos bancos anunciaram a suspensão dos empréstimos (aqui). As instituições argumentaram que a redução do limite de juros não cobre o custo da operação do consignado do INSS.
O posicionamento das instituições financeiras fez com que o governo discutisse uma saída para o problema. A decisão foi adotar uma solução intermediária: elevar a taxa do empréstimo com desconto em folha para 1,97% (aqui).
A nova taxa de 1,97% é maior que a de 1,7%, mas fica abaixo dos 2,14% praticados desde dezembro de 2021.
Sugestões de checagens também podem ser enviadas para o email uolconfere@uol.com.br.
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