Homem não foi morto no hospital para doar coração a Faustão como induz post

Um vídeo que circula nas redes sociais sugere que o pedreiro Fábio Cordeiro da Silva, cujo coração foi doado para o apresentador Faustão, foi morto para que o transplante ocorresse. O post distorce uma entrevista dada pela viúva do doador ao programa Domingo Espetacular, da Record TV.

O que diz o vídeo

Uma publicação no Facebook, com a legenda "que coisa em (sic)", compartilha o vídeo distorcido. São inseridos três textos acima da imagem do casal: "Interagia no hospital antes de vir a óbito", "imagens mostra (sic) doador de faustão interagindo em hospital" e "Imagens mostram doador de Faustão interagindo em hospital antes de vir a óbito e esposa faz triste revelação; VEJA FOTOS".

Na gravação, um homem afirma que o hospital informou à família que o pedreiro teve um "derrame não especificado" e que a viúva não teria se contentado com a justificativa do hospital. "Esse caso tá polêmico até hoje. Qual é a opinião de vocês? O cara atleta, jogador de futebol, 35 anos", finaliza o autor do vídeo distorcido.

Por que é distorcido

Imagens mostram, de fato, o pedreiro Fábio Cordeiro da Silva interagindo com a esposa enquanto ainda estava internado. Mas elas não sugerem negligência ou tentativa do hospital de matar o doador. As imagens constam em reportagem do Domingo Espetacular, da Record TV, no último dia 3 (aqui). Porém, a possibilidade de negligência ou tentativa de matar o doador nem é levantada na matéria.

Causa da morte foi "infarto cerebral não especificado", como consta na certidão de óbito apresentada na reportagem. A informação é diferente da apresentada pelo autor do vídeo distorcido, que diz que o pedreiro morreu por "derrame não especificado".

A revolta de Jaqueline relatada no vídeo distorcido não é contra o hospital em que Fábio foi atendido, como sugere a postagem. Durante a entrevista ao Domingo Espetacular, a viúva disse acreditar que o marido foi vítima de omissão de socorro na obra onde trabalhava.

Revoltante, porque foi uma omissão de socorro. Como uma pessoa que trabalha em um apartamento que tem um porteiro e toda a acessibilidade, onde só se pode trabalhar até 6 horas da tarde, não pode ficar com a chave e ninguém sentiu falta dele?
Viúva do homem que teve o coração doado a Faustão

Na reportagem, Jaqueline ainda defende a doação de órgãos. Ela autorizou a doação de oito órgãos do marido. "Eu sou mãe. Eu imaginei uma mãe rindo, mesmo comigo chorando", disse.

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O Hospital Casa de Saúde de Santos, onde Fábio foi internado repudiou o vídeo distorcido, em nota enviada ao UOL Confere. "A sugestão inconsequente e criminosa de que o hospital tenha agido de forma proposital ou negligente para que o paciente Fábio Cordeiro da Silva viesse a óbito para atender a outros interesses, não procede e é passível de caracterizar crimes contra a honra, passível, inclusive, de processo judicial. Isso não passa de uma 'fake news'.

Doação de órgãos segue regras específicas. Ela só é realizada com autorização familiar, mesmo que a pessoa tenha manifestado, em vida, o desejo de doar. A doação de órgão acontece em caso de morte encefálica, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). Neste caso, os órgãos doados vão para pacientes que precisam de um transplante e estão aguardando em lista única do SUS. Apesar de não ser obrigatório a pessoa manifestar o interesse em doar órgãos, a atitude pode facilitar a decisão da família após o óbito.

Desde que o apresentador Faustão recebeu o novo coração, no dia 27 de agosto, publicações falsas e distorcidas circulam nas redes sociais sobre o caso. No dia seguinte à operação, o UOL Confere mostrou que é falsa a afirmação de que Fausto Silva "furou" a fila do transplante (aqui).

Viralização. A publicação no Facebook, feita na última segunda-feira (11), tem 314 mil visualizações, 4,6 mil reações e 1,7 mil comentários. Um post no TikTok com o mesmo vídeo distorcido, publicado no último dia 9, registra 791,1 mil visualizações e 15,7 mil curtidas.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

Fabíola Cidral conta como reconhecer logo de cara uma fake news

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