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Seara e governo federal não lançaram programa 'Ceia para Todos'

São falsos os anúncios veiculados nas redes sociais sobre um suposto programa do governo federal em parceria com a Seara, intitulado "Ceia para Todos", para a comercialização de cestas natalinas com descontos de até 90%.

O governo federal negou a existência de programa com esse nome. Já a Seara disse que não tem parcerias com o governo.

A sugestão de checagem foi enviada ao UOL Confere pelo WhatsApp (11) 97684-6049.

O que diz o post

Os anúncios tentam enganar os internautas com supostas notícias em perfis falsos, que imitam layouts de sites de notícias confiáveis como g1 e CNN.

Algumas postagens usam o trecho do programa Jornal Hoje, da TV Globo, no qual uma voz semelhante a voz do apresentador Cesar Tralli diz o seguinte: "E vamos direto com o nosso repórter Caio. Explica para a gente o que é esse novo programa do governo chamado Ceia para Todos". Na sequência, a voz de outro homem começa a explicar o suposto programa.

A postagem é acompanhada da descrição: "Novo programa: Ceia de Natal completa para 6 pessoas por menos de R$ 90". Na sequência, o usuário é levado a clicar no link "Saiba Mais", que o direciona a uma página com layout semelhante ao da CNN.

"Governo lança programa de Natal: Ceia completa com 90% de desconto! Verifique se você tem direito. Ceias completas de Natal que custam em torno de R$ 500,00 estão por um preço fixo de apenas R$ 88,65. Toque para verificar se seu CPF cumpre os requisitos para o programa. O programa "Ceia para Todos" foi anunciado pelo governo federal como uma iniciativa para proporcionar um Natal mais especial para famílias que enfrentam dificuldades financeiras. Em parceria com a renomada empresa brasileira Seara, o governo pretende distribuir mais de vinte e cinco mil ceias de Natal em todo o país, promovendo a alegria e o espírito de solidariedade durante as festividades de fim de ano", diz o site.

Coleta de dados. Em seguida, a postagem enganosa orienta o usuário a repassar informações pessoais, como o número do CPF e o CEP da residência, para se certificar que ele terá direito a suposta oferta. O próximo passo é o pagamento no valor de R$ 88,65 via Pix — pagamentos por Pix são mais difíceis de serem rastreados.

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Por que é falso

A Secretaria de Comunicação do Planalto desmentiu a suposta promoção da União com a Seara, em nota ao UOL Confere. "A notícia é falsa. O Governo Federal não lançou o programa 'Ceia para Todos'".

A Seara também também postou um comunicado em seu site em que alerta para o golpe. "Comunicado importante: esclarecemos que não possuímos parcerias com o governo e nunca solicitamos qualquer pagamento via Pix para benefícios filantrópicos" — veja aqui.

08.nov.2023 Seara alerta para golpe usando nome da marca em uma suposta parceria com o governo federal
08.nov.2023 Seara alerta para golpe usando nome da marca em uma suposta parceria com o governo federal Imagem: Reprodução/Seara

Já a CNN Brasil disse que criminosos usaram uma página falsa com "marca da CNN para aplicar golpes sobre suposto programa de ceia de Natal" (veja aqui).

Voz de apresentador foi modificada por Inteligência Artificial, segundo explicou Leonardo La Rosa, diretor de Segurança na Acadi-TI, empresa especializada na capacitação de profissionais de TI. É possível perceber que, quando o apresentador Cesar Tralli se vira para a câmera, não há sincronia entre a voz e os movimentos labiais.

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Este tipo de programa [que modifica a voz] precisa de pelo menos 60 segundos de áudio para treinar a IA. Como o Tralli é uma figura pública, é fácil encontrar vários áudios dele na Internet. A partir daí, com uma voz treinada, a IA responderá a qualquer texto idêntica a do Tralli. Bastou incluir algumas imagens e vídeos aleatórios para passar a impressão de ser uma reportagem sobre o tema narrado. Leonardo La Rosa, diretor de Segurança na Acadi-TI

No Reclame Aqui já há queixas de consumidores que caíram no golpe. Eles pedem a devolução do dinheiro no valor de R$ 88,65 (aqui).

Golpistas criaram cerca de 180 anúncios na Meta, dona das marcas Instagram e Facebook (veja aqui). A maior parte das publicações já está inativa. Em um delas, os golpistas gastaram entre R$ 10 mil a R$ 15 mil para impulsionar a postagem, que foi vista mais de 350 mil vezes. Em outra o valor gasto ficou entre R$ 5 mil a R$ 6 mil, sendo vista mais de 125 mil vezes.

Como não cair em um golpe

Fique atento às informações da empresa em que está comprando e desconfie de promoções excessivamente vantajosas. Pesquisar sobre a suposta empresa e observar com atenção o site podem ajudar a descobrir se o conteúdo é potencialmente fraudulento. É o que orienta Renata Reis, assessora técnica do Procon de São Paulo, e Marco Antonio Araujo Junior, professor de direito e especialista em direito do consumidor na era digital. Confira:

Verifique se a empresa tem endereço informado e se há Serviço de Atendimento ao Consumidor. Caso tenha, entre em contato com o número informado e veja se atende e se é verdadeiro.

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Observe se o site informa o CNPJ da empresa e se está devidamente formalizada. É possível consultar a situação da empresa na Rede Sim, criada pelo governo federal (veja aqui)

Analise também reclamações sobre a empresa na internet. Verifique a reputação da empresa no site Reclame Aqui. Outra opção é consultar o Consumidor.gov.br, mantido pela Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça —para fazer uma reclamação, é preciso que a empresa esteja cadastrada na plataforma.

Se você recebeu o link da promoção por alguma rede social, verifique se o link é oficial. Golpistas costumam usar links muito parecidos aos de lojas verdadeiras para enganar. Confira a grafia do link com a grafia da empresa. Busque a promoção no site oficial da loja.

Evite esses sites. O Procon-SP mantém uma lista de lojas virtuais (veja aqui) que foram denunciadas por consumidores, principalmente pela falta de entrega do produto comprado, e que não responderam ao serem notificadas. A lista possui 91 sites. Confira clicando aqui.

Em compras virtuais, dê preferência a pagamento em cartão de crédito. As empresas operadoras atuam como mediadores das compras e podem auxiliar a identificar a fraude e até mesmo realizar o estorno do valor.

Ao optar por pagamento por Pix ou boleto, verifique antes de concluir o pagamento se o CNPJ é o mesmo da empresa. Se aparecer o nome de uma pessoa física, ou um nome diferente da empresa identificada, há indício de fraude, alerta a assessora técnica do Procon-SP, Renata Reis.

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Caí em um golpe. E agora?

Registre o boletim de ocorrência imediatamente. A recomendação é do delegado Carlos Afonso Gonçalves, da Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de SP. No estado de São Paulo, o registro pode ser feito de forma virtual pelo site da Delegacia Eletrônica (aqui).

Faça uma reclamação contra a empresa no Procon. A orientação é da Secretaria Nacional do Consumidor. Veja quais são os canais e contatos para fazer a denúncia em cada estado do país aqui.

Entre em contato com o seu banco ou operadora do cartão de crédito para denunciar a fraude e tentar o estorno do valor.

No caso de pagamentos em PIX, é possível reaver o dinheiro enviado - em casos de fraude ou golpe - por meio do MED (Mecanismo Especial de Devolução) - veja mais informações aqui.

Caso não consiga reaver o dinheiro, avalie entrar com uma ação judicial. No Juizado Especial Cível é possível ajuizar ações que tenham valor da causa menor que 20 salários mínimos sem a necessidade de ser acompanhado por um advogado. "Ajuizar ação para reaver eventuais prejuízos pode ser uma opção um pouco mais demorada. Mas orientamos que sempre que possível consulte um advogado de sua confiança para obter a melhor orientação jurídica", observa Araujo Junior

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(*) Com informações de Isabela Aleixo, do UOL, e de Hygino Vasconcellos e Simone Machado, colaboração para o UOL.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

Fabíola Cidral conta como reconhecer logo de cara uma fake news

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