É falso que vacinas contra covid-19 foram criadas para 'reduzir população'

É falso que as vacinas contra a covid-19 tenham sido produzidas com a intenção de "reduzir a população", como diz em tom conspiratório o ex-vice-presidente da Pfizer, Michael Yeadon, em vídeo que viralizou nas redes.

Em nota ao UOL Confere, a Pfizer afirmou que o imunizante contra a covid "demonstrou ser seguro e eficaz em ensaios clínicos" e em evidências da aplicação da vacina na população.

Além disso, estudos mostraram que as vacinas diminuíram o número de mortes provocadas pela covid.

O que diz o post

Vídeo que circula em plataformas como Instagram e Facebook traz um discurso em tom conspiratório de Michael Yedon. Em sua fala, o ex-funcionário da Pfizer profere uma série de ilações sobre a pandemia de coronavírus, sem apresentar qualquer prova.

Sobrepostos ao vídeo, estão escritos os seguintes textos: "EX-VICE-PRESIDENTE E CIENTISTA-CHEFE DA PFIZER, DR. MIKE YEADON, FINALMENTE JOGOU TUDO NO VENTILADOR. ELE EXPÔS TODO O CRIME QUE FIZERAM. E QUE AS VACINAS NÃO FORAM FEITAS PARA CAUSAR DANOS POR ACIDENTE, FORAM INTENCIONAIS PARA REDUZIR A POPULAÇÃO" e "PESSOAS ACIMA DE NÓS, ACIMA DO NOSSO PAÍS PLANEJARAM TUDO... E RECEIO QUE A ÚNICA CONCLUSÃO QUE CHEGO É QUE ALGUÉM LÁ EM CIMA, QUER REDUZIR A POPULAÇÃO".

Ao clicar no vídeo, é possível ouvir a fala de Yedon em inglês. Nela, ele salienta que as pessoas foram enganadas e que "nunca houve pandemia ou emergência de saúde pública". Yedon diz ainda que as pessoas foram tratadas de maneiras inadequadas e chamou os médicos de "assassinos". Na sequência, ele fala sobre as vacinas:

A última coisa que quero dizer é as vacinas não foram projetadas para causar danos por acidente. O mundo inteiro não entrou em lockdown, um procedimento nunca testado simultaneamente em qualquer lugar do mundo, por acidente. Aconteceu porque, presumivelmente, pessoas acima de nós, acredito que bem acima do nosso país, concordaram ao longo do tempo.

Essa foi a artimanha que planejaram impor às pessoas do mundo. Alguém em cada capital do mundo poderia fazer o mesmo discurso. Então, há uma trama séria que está acontecendo há anos e anos. E se você somar as mentiras, a destruição econômica, o assassinato e o dano institucional e prejudicial das substâncias injetáveis, receio que a única conclusão a que chego é que alguém lá em cima quer reduzir a população. E se não começarmos a dizer 'não', qualquer coisa que considerarmos uma ideia estúpida, seria apenas assinar nossa própria sentença de morte.

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Por último, Yedon reclama da "censura na internet" e diz que "o governo e a mídia nunca contarão a verdade".

Por que é falso

Vacina contra a covid-19 demonstrou ser segura e eficaz em ensaios clínicos e por evidências da aplicação do imunizante na população, observou a Pfizer em nota ao UOL Confere. A farmacêutica, entretanto, disse não comentar "questionamentos sobre suposto funcionário", em referência a Michael Yedon.

Pfizer ressaltou que agências regulatórias pelo mundo, como FDA, EMA e Anvisa, autorizaram o uso do imunizante "baseadas em avaliações robustas e independentes, de dados científicos sobre qualidade, segurança e eficácia".

No Brasil, as vacinas ofertadas à população receberam autorização da Anvisa. A aplicação só teve início após diversos testes comprovarem sua eficácia no enfrentamento ao vírus (aqui), mediante orientações do Ministério da Saúde (aqui).

Vacinas diminuíram o número de mortes provocadas pelo coronavírus. Artigo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, em junho de 2022 (aqui), apontou que, no primeiro ano de vacinação, entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021, foram preservadas as vidas de 19,8 milhões de pessoas no mundo.

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Já no Brasil as vacinas preservaram as vidas de cerca de 58 mil pessoas com mais de 60 anos, consideradas grupo de risco para a doença, conforme estudo publicado no The Lancet Regional Health Americas, de novembro de 2022 (aqui). No Brasil, a imunização iniciou em 17 de janeiro de 2021.

Michael Yeadon diz que trabalhou na Pfizer entre 1995 e 2011, de acordo com seu perfil no LinkedIn (veja abaixo), que não está mais ativo. A Pfizer disse, em nota, que não compartilha registros de empregados. Em 2020, quando a emergência sanitária foi decretada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), Yeadon não integrava mais o quadro de funcionários da empresa. No auge da pandemia, ele foi notícia internacional por suas posições antivacinas (aqui).

Michael Yeadon disse no LinkedIn ter trabalhado na Pfizer de 1995 a 2011
Michael Yeadon disse no LinkedIn ter trabalhado na Pfizer de 1995 a 2011 Imagem: Reprodução

Este conteúdo também foi checado por Lupa, pelo Estadão Verifica e pelo Fato ou Fake, do g1.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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