Lewandowski não disse que CV está ajudando em busca de fugitivos de Mossoró

É falso que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que a pasta está recebendo informações do Comando Vermelho para localizar os fugitivos de Mossoró (RN), conforme publicações que circulam nas redes sociais.

A repórter que deu a informação durante um jornal local assumiu o erro de ter falado isso e pediu desculpas.

O que diz o post

"VEJAM O NÍVEL...A QUE PONTO...O CRIME 'AJUDANDO' O ESTADO A CAPTURAR UM CRIMINOSO....PODE ISSO MINHA GENTE..? COMENTEM...COMPARTILHEM...DUVULGEM", diz a legenda da postagem. Já o texto sobreposto ao vídeo diz que é o Comando Vermelho que supostamente ajuda o governo. "A FACÇÃO CRIMINOSA TÁ EM CONTATO COM O GOVERNO..? O COMANDO VERMELHO TÁ AJUDANDO O MINISTÉRIO DA DEFESA A LOCALIZAR OS FUGITIVOS..?".

No vídeo, uma repórter conta detalhes da investigação para prender os dois foragidos de Mossoró após uma entrevista coletiva do ministro Lewandowski. "Ele deu diversas informações. Entre elas, ele destacou também uma coisa interessante é que além da ajuda da Polícia Penal, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal, o ministro falou que eles também estão recebendo informações do Comando Vermelho, que seria a facção que os dois fugitivos tinham ligação. Então, o Comando Vermelho também estaria ajudando o ministro e as forças de segurança a tentar recapturar os dois foragidos".

Por que é falso

Ministro foi mal-interpretado pela repórter. Lewandowski não disse que o CV estava ajudando o governo. Ao responder uma pergunta sobre a ajuda que os fugitivos estariam recebendo da facção, o ministro usa a expressão "que está colaborando" no sentido de que o CV está ajudando na fuga, e não com a polícia nas buscas. Leia o trecho da fala de Lewandowski, que aconteceu durante uma entrevista coletiva (aqui) na última quarta-feira (13), reproduzido pelo próprio jornal e veja o vídeo abaixo:

Um dos bônus, um dos dividendos dessa operação foi justamente identificar elementos dessa organização criminosa que está colaborando. Alguns, inclusive, em outros estados (...) Isto é fruto da colaboração não só de agentes da Polícia Federal de outros estados, mas também das Forças de Segurança. Isso está indicando que existe uma integração das forças de segurança nos distintos níveis.
Ricardo Lewandowski, em entrevista coletiva

Canal postou uma correção. Em uma das postagens desinformativas, é possível ver no canto da tela escrito "TCM10", que é o nome do jornal. Ao fazer uma busca simples no Google (aqui), aparece um canal do Youtube (aqui) e, logo de cara, há uma correção no que foi falado pela repórter (aqui).

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Repórter até pediu desculpas. No mesmo vídeo (aqui), ela começa corrigindo sua declaração antes de trazer a fala completa do ministro. "Estou chegando aqui para fazer, de fato, essa correção da informação que eu trouxe ontem logo após a coletiva de imprensa. Durante a apuração, acabei me equivocando. Eu disse que o Ministério da Justiça estaria recebendo informação do Comando Vermelho. Essa informação está errada [...] Mais uma vez venho aqui fazer essa correção. O ministro não disse que estava recebendo informações do Comando Vermelho", diz a repórter (veja abaixo).

O conteúdo também foi checado pelo Aos Fatos (aqui), Lupa (aqui) e Reuters (aqui).

Quem são os fugitivos de presídio federal?

Dupla de fugitivos de presídio de RN podem usar disfarces
Dupla de fugitivos de presídio de RN podem usar disfarces Imagem: Reprodução / PF

Deibson Cabral Nascimento, 33, e Rogério da Silva Mendonça, 35, escaparam do presídio federal de Mossoró em 14 de fevereiro, na primeira fuga do país em uma unidade de segurança máxima.

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Eles são conhecidos por serem "matadores" do Comando Vermelho do Acre, segundo fontes das forças de segurança ouvidas pelo UOL.

Deibson cumpria pena de 33 anos por assalto a mão armada. Conhecido como Tatu, também responde a processos por tráfico de drogas.

Rogério tem suástica tatuada na mão e condenação de cinco anos por tráfico. O fugitivo, conhecido como Martelo, também responde a processos por homicídio qualificado, roubo e violência doméstica.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

Fabíola Cidral conta como reconhecer logo de cara uma fake news

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