Fim de planos com WhatsApp ilimitado não tem relação com governo Lula

É falsa a informação de que o governo Lula (PT) quer acabar com planos com WhatsApp ilimitado, oferecidos por operadoras de telefonia.

Empresas do setor já admitiram publicamente que avaliam o fim da oferta de planos desse tipo por questões comerciais, não regulatórias. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) também nega a informação.

O UOL Confere considera falso todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

O que diz o post

Vídeo publicado no Facebook mostra um homem que fala sobre o fim da venda de planos com zero-rating —prática em que empresas fornecem acesso gratuito a determinados aplicativos, sem o consumo na sua franquia de dados. Ele afirma que "o governo Lula quer acabar com o seu WhatsApp" em "mais um ataque brutal às redes sociais e à liberdade de expressão".

Na legenda, o autor da postagem reforça a narrativa do vídeo: "Que absurdo! Que vergonha! Inacreditável..."

Por que é falso?

O vídeo distorce reportagem do SBT News. No texto (aqui), é dito que "o Ministério Público Federal denunciou as empresas que praticam a estratégia ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e, em 2017, foi feita uma investigação por suposta distorção no mercado de plataformas digitais".

Vídeo omite trecho. Na gravação, no entanto, a parte da reportagem que diz que "o Cade entendeu que a prática não feria o mercado", levando ao arquivamento da denúncia feita pelo MPF, não aparece.

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As próprias operadoras estudam acabar com os planos. Reportagem publicada por Tilt, do UOL, afirmou que as três principais operadoras avaliavam o fim da oferta de aplicativos ilimitados (aqui). A matéria cita os nomes de José Feliz (presidente da Claro), Alex Salgado (vice-presidente de negócios da Vivo) e Fábio Avellar (diretor de receitas da Tim). As operadoras argumentam a quantidade de dados que esses aplicativos movimentam e o aumento na manutenção da infraestrutura.

Anatel diz que mudança não passa pela agência. Em entrevista ao Tecnoblog, site especializado em tecnologia, o próprio presidente da Anatel, Carlos Manuel Baigorri, declarou que as operadoras podem cancelar ofertas com aplicativos ilimitados, mas que, se eventual mudança ocorrer, seria por uma questão comercial, e não regulatória (aqui).

Agência diz que não controla acordos. Em nota enviada ao UOL Confere, a Anatel disse que "os acordos de zero-rating são firmados de livre vontade entre as prestadoras de serviços de telecomunicações e as plataformas digitais, conforme seus respectivos planos de negócios".

Trata-se de acordos envolvendo empresas privadas em um mercado em regime privado (...) não há iniciativa regulamentar no âmbito da Anatel relacionada a interferir nesses acordos.
Anatel, em comunicado

Empresas de telecomunicação que determinam ofertas. Ao UOL Confere, a Conexis Brasil Digital, que representa as principais companhias do setor de telecomunicações, informou que a oferta dos planos é feita pelas próprias empresas.

As ofertas das operadoras de telecomunicações são elaboradas independentemente e individualmente, com base em suas próprias avaliações comerciais. A Conexis ressalta que o mercado de telecomunicações é reconhecido por ser altamente competitivo e pela ampla diversidade nas ofertas aos usuários, o que habilita grande liberdade de escolha para o usuário.
Conexis Brasil Digital, em comunicado

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Vídeo foi feito por vereador bolsonarista

O homem que aparece no vídeo com o conteúdo falso é Rubinho Nunes (União). Ele é o 19º vereador mais bem votado da capital paulista em 2020 (aqui), aliado político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e crítico de Lula. Nunes publicou o conteúdo em todas as suas redes sociais: Facebook, Instagram, WhatsApp, X (antigo Twitter), Telegram, TikTok e Kwai. A partir daí, outros internautas redistribuíram a gravação.

O vídeo original foi publicado no dia 15 de março e, apenas no Instagram, no perfil de Nunes, contou com 225 mil visualizações e 500 comentários até terça-feira (2). No TikTok, 48,3 mil visualizações e 350 comentários.

Vereador não comentou. O UOL Confere entrou em contato com a assessoria de imprensa do vereador, por telefone, e-mail e mensagem no WhatsApp, mas não houve retorno até a publicação da reportagem.

O mesmo conteúdo também foi checado por Estadão Verifica e Reuters.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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