Golpe do 'CPF na nota' usa vídeo manipulado de Rodrigo Faro

Golpistas têm divulgado posts em redes sociais prometendo pagar valores supostamente acumulados por consumidores através de um programa "CPF na nota", aquele em que a pessoa coloca o número do documento na nota fiscal. Esses vídeos falsos direcionam para sites suspeitos e, em alguns casos, usam a imagem do apresentador Rodrigo Faro.

Programas para resgate de benefícios por fornecer o número do CPF em notas fiscais são estaduais e requerem cadastro prévio nas plataformas oficiais de cada governo. Não existe um programa federal, sendo assim, não há um site que concentre as informações de todos os consumidores brasileiros.

O que diz o post

Vídeo usa a imagem do apresentador de TV Rodrigo Faro de forma manipulada no qual ele diz que parte do valor gasto em compras "fica acumulado no seu CPF" e pode ser resgatado depois em um prazo determinado. O áudio falso diz ainda que "se passar do prazo, o dinheiro acumulado volta para os cofres públicos".

O vídeo é acompanhado de uma logo do portal g1 com o seguinte texto: "Pesquisa aponta valores de compras acumulados no CPF que podem variar de R$ 2 mil a R$ 15 mil reais. Consulte agora!"

Em outro vídeo sobre o mesmo assunto, uma mulher elenca os benefícios de fornecer o CPF na nota fiscal e diz "se você já deu o CPF alguma vez, verifica lá". O vídeo termina com a pessoa anunciando que vai deixar o link oficial do governo para que o usuário consulte o suposto saldo. O conteúdo é compartilhado com a legenda: "CONSULTAR AGORA. EU SEM ACREDITAR E MINHA PRIMA ME MOSTROU E RECEBI 3 MIL"

Por que é falso

Golpistas cobram taxa, mas vítima nunca recebe o dinheiro. De acordo com registro no site Reclame Aqui e nos comentários das publicações enganosas, o post direciona para um site suspeito que solicita dados pessoais. A plataforma exige que a pessoa pague uma taxa para consultar e resgatar o suposto saldo de compras em que o CPF foi fornecido, como se existisse um sistema unificado para este tipo de consulta no país. Usuários reclamam que não receberam o suposto valor devido mesmo após o pagamento da taxa. O UOL Confere não conseguiu acessar o link para verificar a página.

Programas "CPF na nota" são estaduais, não existe um federal. Os programas de benefícios para quem fornecer o CPF são de responsabilidades dos estados e têm como objetivo diminuir a sonegação de imposto. Cada ente da federação possui um programa específico com benefícios próprios para o cidadão que opta por fornecer o CPF. Sendo assim, é indicado buscar a Secretaria de Fazenda do estado de origem, pois, em geral, este tipo de programa requer cadastro prévio (leia mais aqui). Municípios também podem ter programas do tipo, como é o caso da Nota Carioca, da Prefeitura do Rio (aqui).

Exemplos nos estados. "Nota Paraná", do governo do PR (aqui); "Nota Premiada" do governo da Bahia (aqui); "Nota Fiscal Paulista", do governo de SP (aqui); "Sua Nota Tem Valor", do governo do Ceará (aqui); "Nota Legal", do governo do DF (aqui).

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Suposta reportagem da g1 não existe. O conteúdo supostamente indicado como publicado pelo portal g1 no post desinformativo não existe (veja aqui e aqui).

Rodrigo Faro não se manifestou. O UOL Confere procurou a assessoria do apresentador, que não quis se pronunciar.

Receita Federal e o Ministério da Fazenda não responderam. O UOL Confere procurou a Receita Federal e o Ministério da Fazenda para saber se existe alguma orientação unificada a nível federal sobre programas de benefícios para o uso de CPF na nota, mas não obteve retorno até a publicação desta checagem.

Caí em um golpe. E agora?

Registre o boletim de ocorrência imediatamente. No estado de São Paulo, o registro pode ser feito de forma virtual pelo site da Delegacia Eletrônica (aqui).

Faça uma reclamação contra a empresa no Procon. A orientação é da Secretaria Nacional do Consumidor. Veja quais são os canais e contatos para fazer a denúncia em cada estado do país aqui.

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Avise o banco e a operadora do cartão. Entre em contato com o seu banco ou operadora do cartão de crédito para denunciar a fraude e tentar o estorno do valor.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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