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Com mais de 230 municípios em emergência pela seca, Bahia vai testar chuva artificial no semiárido

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

15/05/2012 12h52Atualizada em 15/05/2012 13h20

Para tentar amenizar a seca que atinge mais da metade do Estado, a Bahia vai testar um projeto-piloto com objetivo de produzir chuva artificial em áreas em que não há registro de precipitações significativas há pelo menos oito meses. No Estado, mais de 230 municípios já decretaram situação de emergência pela falta de chuvas desde o final de 2011.

O modelo que será testado no semiárido já é utilizado em outros Estados e utiliza aviões para bombardear as nuvens e induzir as chuvas. Segundo o governo baiano, o projeto já foi usado com bons resultados em Estados como São Paulo.

O desafio agora é conseguir fazer chover na região mais afetada pela estiagem do país. Para isso, o governo baiano vai investir, inicialmente, R$ 200 mil. O projeto está em fase final, e os primeiros testes devem ser feitos a partir da próxima semana. Se conseguir produzir chuva artificial no sertão, a ideia do governo é utilizar o recurso pelo menos até o mês de setembro.

“É um projeto natural, sem utilização de produto químico e aprovado pela ONU. Através de radar e satélite, que vê as nuvens com potencial de precipitação, um avião decola com dois pulverizadores, que jogam gotículas de água. Elas batem no vapor da nuvem e fazem peso. Com isso, a gravidade faz a água cair”, explicou o secretário de Agricultura da Bahia, Eduardo Sales.

Num primeiro momento, duas áreas, entre as mais afetadas, foram escolhidas como "cobaias" do projeto: as regiões da Chapada Diamantina e do sudoeste baiano.

“Escolhemos as regiões porque uma faz parte da bacia do rio Paraguaçu, que abastece as maiores cidades –entre elas, Salvador--, e a outra é a região de Vitória da Conquista, que está com racionamento de água para uma população de 350 mil pessoas. Vamos usar duas bases operacionais: os aeroportos de Lençóis e de Vitória”, disse Sales.

Segundo o secretário, o projeto foi apresentado por uma empresa paulista que patenteou o projeto de chuvas artificiais e o utiliza pelo Brasil. “Eles nos procuraram e vamos tentar. É um teste-piloto. O índice de nuvens é muito baixo nessa época, e a possibilidade de dar certo, afirmaram, é de 40%. Não quero criar falsas expectativas. Não vamos pensar que isso vai resolver o problema da seca. Não é chuva para encher barragem, mas vamos ver se dá algum resultado.”

Para Sales, a seca desse ano é a maior já enfrentada pelo Estado, o que obriga o governo a adotar medidas urgentes e até sem eficácia garantida. “Dizem que é a pior seca em 47 anos, mas acho que é a pior da historia. As pessoas que estão na capital não entendem a gravidade do que está se passando no interior. Então, tudo que for tentativa, nós vamos fazer para tentar minimizar esse sofrimento” afirmou.

Segundo apresentação da empresa ModClima, responsável pela execução do projeto, a produção de chuvas artificiais é um processo “totalmente limpo e ecologicamente correto.”

“Esse processo consiste em semear água nas nuvens com potencial para chuva. A técnica estimula o processo de crescimento da gota de água nas nuvens precipitando-as. A produção de chuvas artificiais está sendo aprimorada desde 2001 em conjunto com a Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo] e tem contribuído para o enchimento das represas que abastecem quase 20 milhões de pessoas que moram na região metropolitana de São Paulo”, explica a empresa em sua página na internet.