Após metroviários, trabalhadores da CPTM encerram greve
Os funcionários que trabalham nas linhas linhas 11-coral (Luz/Estudantes) e 12-safira (Brás/Calmon Viana) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) encerraram a greve da categoria após chegarem a um acordo com a estatal em reunião de conciliação na Justiça do Trabalho na noite desta quarta-feira (23). Segundo a CPTM, a operação retornará gradativamente e será normalizada até 21h20.
Em assembleia na tarde desta quarta-feira (23) , os metroviários de São Paulo decidiram acabar com a greve do metrô na capital paulista. Os funcionários decidiram pelo fim da paralisação, iniciada à 0h de hoje, depois de aceitar o acordo fechado entre a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP) e a diretoria do sindicato no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região. Com a greve, a manhã foi marcada por tumultos e congestionamento recorde no trânsito.
Por volta de 18h35, todas as estações do metrô estavam abertas. O funcionamento está normalizado, segundo o Metrô.
De acordo com balanço divulgado pela assessoria de imprensa do Metrô, até 16h de hoje, 1,38 milhão de usuários foram afetados pela greve. Circulam diariamente nas linhas parcialmente paralisadas --ou seja, linha 1-azul, linha 2-verde e linha 3-vermelha-- 2,529 milhões de passageiros.
Algumas estações reabriram mais cedo, como a Tatuapé, que voltou a funcionar às 17h55. Uma multidão aguardava na porta. Por volta das 19h30, as linhas azul e vermelha estavam com as plataformas vazias, porém a verde estava bastante cheia, com intervalos de até 10 minutos entre os trens em algumas estações.
“Achei a greve uma falta de respeito com a população. Os trabalhadores têm o direito de reivindicar, mas deveria achar um meio termo para não prejudicar todo mundo”, afirmou o auxiliar de almoxarifado Dilmar Marques Lima, que mora em Itaquera e trabalha na Vila Matilde. Ele usa o metrô e uma lotação para chegar ao trabalho. O percurso, que normalmente dura 45 minutos, levou 2h40, segundo Lima.
Ana Maria Grangeiro, que trabalha como vendedora no shopping Metrô Tatuapé e também mora em Itaquera, demorou uma hora e meia para chegar ao trabalho, pela manhã. Normalmente ela leva meia hora. “A greve atrasou a vida de muita gente. Não precisava de tudo isso só para conseguir um aumento”, reclamou.
Segundo o Metrô, a linha vermelha já opera entre a Santa Cecília e Vila Matilde. A linha 2-verde opera da Ana Rosa à Vila Madalena. Já a linha 1-azul circula da Ana Rosa à Luz. O serviço está sendo normalizado gradativamente, afirma a companhia.
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Negociação
Para resolver o impasse no metrô, o TRT propôs reajuste salarial e ganho real de 6,45%. A proposta inicial do Metrô era de 4,15% de reajuste e 0,5% de ganho real --em reunião ontem, a proposta subiu para 5,71%. Já o sindicato pedia 5,13% de reposição e 14,99% de aumento real.
O Metrô, entretanto, foi irredutível e ofertou hoje 6,17% de reajuste e ganho real. Representantes do tribunal tentaram convencer a companhia a diluir o 0,28 ponto percentual que faltava no vale-alimentação ou no vale-refeição, mas a companhia não aceitou. O valor de 6,17% foi aceito pelo sindicato.
Ainda pelo acordo, o vale-refeição dos trabalhadores será reajustado dos atuais R$ 19,50 para R$ 23, o vale-alimentação vai de R$ 150 para R$ 218 ao mês, e haverá pagamento de um adicional de periculosidade de 15% sobre o salário (atualmente é de 10%). A pedido do TRT, o Metrô desistiu de descontar as horas paradas pela paralisação.
"É uma importante conquista, mas não é uma vitória. Avançamos em questões importantes, mas ainda não é o ideal. Não é uma maravilha, mas fortalece a categoria”, afirmou o presidente do sindicato após a decisão da assembleia.
Os funcionários votaram por três opções: aceitar o acordo e encerrar a greve, não aceitar e manter a paralisação ou ainda suspender a greve e manter as negociações com o Metrô. A maioria decidiu pela primeira opção.
A greve
A greve parcial do metrô e da CPTM causou tumulto, protestos e congestionamento recorde na história da capital, no período da manhã. Com a greve, o rodízio municipal de veículos foi suspenso.
Pela manhã, a linha 1-azul estava operando apenas no trecho entre as estações Ana Rosa e Luz; a linha 2-verde funcionava entre as estações Ana Rosa e Clínicas; e a linha 3-vermelha operava entre as estações Bresser-Mooca e Santa Cecília. Estas linhas começaram a operar mais tarde e todas tinham velocidade reduzida e maior intervalo de espera.
As linhas 5-lilás e 4-amarela (que é de concessionária privada) funcionaram normalmente durante o dia.
Também os trens da CPTM ficaram parados na linha 11-coral (Luz/Estudantes) e na 12-safira (Brás/Calmon Viana), que ligam o centro a cidades da região metropolitana.
Por volta das 7h de hoje, um grupo de usuários do metrô bloqueou a Radial Leste, em frente à estação Corinthians-Itaquera. A polícia dispersou o bloqueio com bombas de gás, e houve correria em frente à estação; um ônibus teve os pneus furados no meio da via.
Uma mulher e dois homens foram detidos durante a manifestação. Levados à Central de Flagrantes do 63º DP (Vila Jacuí), os três assinaram um termo circunstanciado e foram liberados. Eles responderão em liberdade por desacato.
Já na entrada da estação Jabaquara, passageiros fizeram uma fogueira com jornais. Usuários relatam que perderam compromissos e não conseguiram embarcar em ônibus, quase todos lotados.
A SPTrans --estatal municipal responsável pelos ônibus municipais-- acionou o Paese (Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência). Com isso, as linhas de ônibus que operavam com destino às estações de metrô foram estendidas até a região central da capital. De acordo com a empresa, as linhas fizeram os trajetos de Mogi das Cruzes a Guaianazes e de Guaianazes a Brás na linha 11, e de Poá a Itaim Paulista e de Itaim Paulista a Brás na linha 12 da CPTM.
Congestionamento recorde
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) suspendeu o rodízio municipal de veículos na manhã de hoje e, com isso, muitos moradores deixaram suas casas de carro.
Às 10h, havia 249 km de congestionamento nas vias monitoradas na cidade. A marca é a maior em toda a história durante a manhã na capital. A zona sul concentrava quase metade do trânsito mais pesado na capital, com 126 km de vias congestionadas.
O recorde anterior de congestionamento durante a manhã havia sido registrada no dia 4 de novembro de 2004, quando a cidade teve 191 km de trânsito carregado às 9h30. O segundo maior índice foi registrado em 15 de agosto de 2006, com 188 km às 9h.
*Com informações de Janaina Garcia
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