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Dilma decreta luto oficial de sete dias pela morte de Oscar Niemeyer

Do UOL, em São Paulo

06/12/2012 17h07

A presidenta Dilma Rousseff decretou nesta quinta-feira (6) luto oficial de sete dias pela morte de Oscar Niemeyer. As informações foram divulgadas pelo Palácio do Planalto. O arquiteto morreu na noite de quarta-feira (5), aos 104 anos, no Rio de Janeiro.

Durante o luto oficial, a bandeira nacional é hasteada a meio mastro em todas as repartições públicas do governo que a decretou (federal, estadual ou municipal). Além disso, coloca-se um laço de crepe na ponta da lança se ela estiver sendo conduzida em alguma cerimônia.

O corpo de Niemeyer está sendo velado no Palácio do Planalto, que ficará aberto ao público até as 20h.

Na chegada ao Palácio, o corpo foi recebido pela presidenta Dilma com a guarda de 48 Dragões da Independência. A presidente ficou ao lado da viúva do arquiteto, Vera Niemeyer, e deixou o local por volta de 16h15, acompanhada da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

O arquiteto morreu em decorrência de problemas respiratórios. Ele estava internado no Hospital Samaritano desde o dia 2 de novembro devido a complicações renais e desidratação.

O corpo saiu do Rio às 13h, chegou à Base Aérea de Brasília por volta de 14h20 e passou em cortejo pelo Eixo Rodoviário e pelo Eixo Monumental, duas das principais vias de Brasília, até chegar ao Palácio de Planalto por volta das 15h45.

Segundo o neurocirurgião Paulo Niemeyer, sobrinho de Oscar Niemeyer, a própria presidente Dilma Rousseff entrou em contato com a família e ofereceu o Palácio do Planalto como local para velar o corpo do arquiteto. A capital federal é considerada a maior realização de Niemeyer.

O enterro deve ocorrer nesta sexta (7), no cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio.

Infecção respiratória

O médico intensivista e clínico Fernando Gjorup, que nos últimos anos foi o médico do arquiteto, disse que Niemeyer morreu às 21h55 ao lado membros da família.

"De ontem para hoje, o paciente apresentou uma piora. Os exames de sangue já vinham mostrando isso. Hoje pela manhã, o estado de saúde piorou ainda mais e ele precisou da ajuda de aparelhos para respirar", disse Gjorup ontem (5).

Muito abalado, o médico declarou que o arquiteto morreu vítima de infecção respiratória.

Gjorup declarou ainda que, neste último mês, Niemeyer nunca falou em morte, sempre falou da vida. "Ele teve que ser entubado e ventilado por aparelho e à noite ele não tolerou e veio a falecer".

Vida e obra

Niemeyer foi um dos principais expoentes da arquitetura moderna e projetou o Brasil internacionalmente. O carioca ganhou reconhecimento a partir da exploração das possibilidades plásticas e construtivas do concreto armado, produzindo obras grandiosas e inventivas, marcadas pelo abuso de curvas em detrimento das linhas e ângulos retos.

Suas obras --prédios públicos e privados, monumentos, esculturas e igrejas-- marcam a paisagem das principais cidades brasileiras e espalham-se por vários países do mundo, como Estados Unidos, França, Espanha, Alemanha, Itália, Argélia, Israel e Cuba, entre outros.

Niemeyer projetou grande parte das obras de Brasília, entre elas a praça dos Três Poderes, os prédios do Congresso Nacional, do STF (Supremo Tribunal Federal) e o Palácio do Planalto.

Considerado um revolucionário e um dos pais do modernismo na arquitetura, Niemeyer, um comunista ferrenho, seguiu trabalhando até praticamente o fim de seus dias.

Em São Paulo, projetou o Memorial da América Latina, o edifício Copan e as construções do Parque do Ibirapuera; no Rio, concebeu o Museu de Arte Contemporânea de Niterói e a Marquês de Sapucaí; em Belo Horizonte, projetou todo o Conjunto Arquitetônico da Pampulha.

O arquiteto desenhou também esculturas e mobílias, escreveu livros e, depois do centenário, lançou até um disco de samba. Marxista convicto, militou no PCB (Partido Comunista Brasileiro) durante várias décadas, mudou-se para a França durante a ditadura militar e manteve amizade com Luís Carlos Prestes e Fidel Castro.

(com informações da Agência Brasil)