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Voluntários lotam hospitais de Porto Alegre e colocam casas à disposição de familiares das vítimas de incêndio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

28/01/2013 21h00

Ao menos 60 pessoas compareceram até o fim da tarde desta segunda-feira (28) a Central de Atendimentos do Hospital de Clínicas em Porto Alegre, e não foi para pedir informações sobre as vítimas do incêndio de Santa Maria (RS), na região central do Estado, mas sim para ajudar. O forte trabalho dos voluntários lotou o hemocentro da capital e colocou à disposição das famílias casa e comida.

A cada hora, um novo voluntário aparecia no hospital. Como Marcelo Mercante Carvalho, 38, natural de Tapera, mas morador de Porto Alegre há mais de 10 anos. Ele colocou sua casa à disposição. "Vim para ajudar. Não posso contribuir com dinheiro, mas se os familiares quiserem, posso receber umas quatro pessoas", disse.

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Segundo funcionários do hospital, até as 17h, mais de 60 pessoas tiveram iniciativa semelhante a de Marcelo. São oferecidas casas, comida, local para pernoitar, amparo a quem necessita. Tudo é anotado e apresentado às famílias das vítimas. Se for aceito, o voluntário recebe um telefonema do hospital para dar o auxílio oferecido.

"Minha família é toda de médicos, vim prestar ajuda, me colocar à disposição para o que for necessário", afirmou Rafael Brezicki, 25. "Não tenho conhecidos entre as vítimas, mas é um momento de união", completou.

Excesso de doações

O mesmo ocorreu no hemocentro da capital. Por causa do excesso de doação, o Hemocentro do Rio Grande do Sul recebeu mais de 300 doadores desde o incêndio e, por superlotação do estoque, suspendeu as doações nesta segunda-feira.

"Peço que as pessoas não venham mais doar sangue hoje. Até sexta-feira (1º) estamos com a agenda lotada", disse Silvia Spalding, diretora-técnica da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde, ao site oficial da Secretaria Estadual da Saúde.

Os interessados que não puderam fazer sua doação de sangue devem procurar o hemocentro na próxima semana.

"A solidariedade que se vê neste momento é algo muito legal. Mesmo com toda dificuldade que passamos, vendo isso temos mais força", disse Roque Ferreira, tio de Kelen Ferreira, 19, que estava na boate Kiss no momento do incêndio e está internada em estado grave no Hospital de Clínicas da capital gaúcha.

O incêndio na boate matou 231 pessoas na madrugada deste domingo (27), em Santa Maria. Mais de 300 atendimentos já foram feitos em hospitais. Entre os feridos, 46 foram transportados para Porto Alegre, todos em estado grave.