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Santa Catarina retoma escolta de ônibus em alerta contra novos ataques do PGC

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

21/05/2013 12h16

A polícia de Santa Catarina está em alerta máximo contra novos atentados da facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense), depois do ataque incendiário que destruiu um ônibus nessa segunda (20) na Grande Florianópolis. Um comunicado dos atacantes deixado com o motorista do ônibus faz ameaças de novos ataques, em represália a supostos maus tratos de agentes penitenciários a visitantes de presos.

As autoridades receberam um CD dos atacantes. A voz de um homem não identificado faz as ameaças. No início do ano, os atentados do PGC provocaram o caos no transporte urbano de Florianópolis. Ele diz: "Não queremos uma guerra nas ruas, mas se não forem tomadas providências imediatas, iremos agir com força total".

A gravação pede "reorganização e humanização do sistema carcerário". As críticas vão apenas ao presídio de São Pedro, na Grande Florianópolis, onde estão cerca de 1.200 detentos. Eles pedem mais visitas, trabalho para os apenados de três dos quatro pavilhões, sabonetes e papel higiênico. As imagens do CD ainda não foram reveladas pela polícia.

A polícia já identificou um dos suspeitos pelo último ataque ao ônibus. Ele está sendo procurado em comunidades de São José, na Grande Florianópolis. O temor de uma retomada da violência se justifica porque o ataque aconteceu numa linha da Grande Florianópolis, a 15 km do presídio de São Pedro de Alcântara, onde está o núcleo principal de detentos do PGC.

O governador Raimundo Colombo (PSD) reuniu ontem a mesma equipe que já enfrentou o PGC. O comando da nova força-tarefa é composto pelo comandante da Polícia Militar coronel Nazareno Marcineiro, delegado-chefe da Polícia Civil Aldo Pinheiro, secretários de Justiça Ada de Luca e de Segurança César Grubba. Foram demitidos  dois diretores do sistema prisional, mesmo sem que o Deap (Departamento de Administração Prisional) reconhecesse a culpa dos demitidos.

Escolta

Em Camboriú (80 km de Florianópolis), a Polícia Militar retomou a escolta de ônibus, depois que os serviços de inteligência identificaram a cidade como possível alvo do PGC, com base em informações não reveladas. 

Os ataques anteriores foram comandados de dentro das cadeias pelo PGC. Membros da facção nas ruas promoveram duas ondas de violência, em novembro e em janeiro/fevereiro, com a destruição de 72 ônibus. Desta vez, segundo fontes da Polícia Civil, os ataques são comandados da rua, por comparsas de presos, supostamente para defender familiares de presos.

Cada onda foi justificada como represália a maus tratos aos presos do sistema catarinense por agentes do Deap. Dois inquéritos foram abertos, mas nenhum foi concluído. Nas gravações deixadas no ataque de segunda-feira, o porta-voz do grupo diz que as mulheres dos presos estariam sofrendo revista íntima por uma enfermeira ginecológica na entrada - e também na saída. A justificativa para o segundo exame seria para impedir o envio de mensagens de dentro das cadeias.

As tropas da Força Nacional de Segurança Pública que ocuparam sete presídios do Estado em fevereiro, no auge da violência do PGC, continuam em suas posições de reforço nas cadeias, sem atuar nas ruas. Daquela vez elas removeram do Estado 40 líderes da facção, o que provocou o fim dos ataques.