Topo

Após reunião com índios, governo reforça segurança em Belo Monte para evitar mais ocupações

4.jun.2013 - Cento e quarenta indígenas mundurucus se reúnem com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e representantes de outros órgãos do governo para discutir a suspensão de empreendimentos energéticos na Amazônia e outras reivindicações indígenas - Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
4.jun.2013 - Cento e quarenta indígenas mundurucus se reúnem com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e representantes de outros órgãos do governo para discutir a suspensão de empreendimentos energéticos na Amazônia e outras reivindicações indígenas Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

04/06/2013 20h49Atualizada em 04/06/2013 21h09

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, afirmou na noite desta terça-feira (4) que a segurança no canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte será reforçada para evitar novas ocupações de índios. Após terminar em impasse a reunião com os índios que ocuparam o local, Carvalho reiterou que as obras vão continuar. Os indígenas, por sua vez, não descartam novas invasões.

“Hoje pela manhã tomamos providências junto à Força Nacional para que haja de fato um reforço na segurança para que os operários possam trabalhar e que os protestos sejam feitos de maneira democrática, mas não a tentar inviabilizar um empreendimento que é importantíssimo para a questão energética do país”, disse Carvalho.

O ministro argumentou que a obra é legal, senão teria sido parada pela Justiça e que cada dia de paralisação representa “prejuízo enorme”.

“A obra não pode parar. Cada dia de paralisação de Belo Monte é um prejuízo enorme a toda a nação. Nós deixamos claro para eles que aceitamos toda forma de protesto, toda forma de divergência, agora não poderemos mais aceitar ocupações lá naquele canteiro.”

Carvalho se reuniu nesta tarde por mais de três horas e meia com 140 índios que haviam invadido o canteiro de obras, mas o encontro terminou em impasse.

Os índios ficaram de analisar proposta do governo de, em 20 dias, apresentar soluções para reivindicações deles por políticas sociais.

Eles pedem a suspensão das obras de hidrelétricas na Amazônia sob o argumento de que não houve consulta prévia aos povos indígenas, conforme regulamentado na Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

“Nós os trouxemos aqui para um diálogo, ouvimos longamente as críticas deles, mas fomos absolutamente claros com eles dizendo que o governo não vai abrir mão dos seus projetos. Agora, o governo fará as correções necessárias pra fazê-lo de forma adequada, de modo a respeitar os direitos indígenas”, disse Carvalho.

A reunião fazia parte de um acordo para que eles deixassem o local depois de nove dias de ocupação. Os indígenas, que pertencem a seis etnias do Pará e do Mato Grosso, saíram do acampamento hoje para ir a Brasília, mas as obras, interrompidas por razões de segurança, já haviam sido retomadas no sábado. O governo enviou dois aviões da FAB para buscá-los. Eles ficarão em Brasília até amanhã. Anteriormente, os índios já haviam causado a paralisação da construção da usina por oito dias.