Primo de índio morto em Sidrolândia é baleado em fazenda em MS; Força Nacional é acionada
O índio terena Joziel Alves, 34, levou um tiro nas costas nesta terça-feira (4) por volta das 18h (horário de Brasília), na fazenda São Sebastião, nos arredores da fazenda Buriti, em Sidrolândia (MS). Alves teria ficado ferido após ataques de um capataz da propriedade.
Alves é primo de Oziel Gabriel, 35, índio morto na quinta-feira passada durante operação das polícias Militar e Federal, que cumpriam mandado de reintegração de posse na região.
Onde fica
Sidrolândia está a 71 km de Campo Grande
O dono da fazenda, Guilherme Corrêa, 63, negou que algum empregado seu esteja envolvido no ataque. Ele disse que os capatazes de sua fazenda deixaram a área quando souberam que os terenas se aproximavam e “queimavam tudo”.
Joziel Alves foi levado primeiro para o hospital de Sidrolândia, depois transferido para a Santa Casa, hospital de Campo Grande, a 70 quilômetros.
Seu estado de saúde não foi divulgado. O projétil da arma alojou-se em sua coluna, por isso foi feita a transferência.
Depois do incidente, cerca de 200 índios atearam fogo em três fazendas, uma delas sendo a São Sebastião.
O Ministério da Justiça vai enviar 110 homens da Força Nacional para reforçar a segurança na zona do conflito. O pedido foi feito pelo governador André Puccinelli (PMDB) nesta terça-feira.
A fazenda São Sebastião é parte dos 17,2 mil hectares que os índios disputam com os fazendeiros. A área, entre Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, é ocupada por ao menos 30 fazendeiros. A São Sebastião fica ao lado da fazenda Cambará, invadida por índios um dia após a morte de Oziel.
A disputa
A Terra Indígena Buriti é um território que, nos últimos 12 anos, vem passando por indas e vindas, ora com decisões favoráveis aos proprietários, ora aos indígenas.
Em 2001, a Funai aprovou a identificação da área como território indígena. Em 2004, a Justiça Federal declarou, em primeira instância, que as terras pertenciam aos produtores rurais.
Funai e Ministério Público Federal recorreram, e, dois anos depois, em 2006, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região declarou a área como de ocupação tradicional indígena.
Os proprietários da área entraram com recurso e, em junho de 2012, tiveram decisão favorável a eles, ou seja, que as terras pertencem aos produtores rurais, não aos índios.
Os índios, que invadiram a área no dia 15 de maio deste ano, disseram que ficariam na área até que o TRF-3 (Tribunal Regional Federal), em São Paulo, julgasse o recurso movido por eles. (Com Agência Brasil)
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