Confronto na Paulista foi "revolta popular" após ataque da PM, diz líder estudantil
“A gente não tem controle de quem é manifestante e quem não é, mas aquilo foi uma revolta popular." Dessa forma o aluno de história da USP (Universidade de São Paulo) Caio Martins Ferreira, 19, classificou a manifestação que terminou em confronto entre estudantes e policiais militares na noite dessa quinta-feira (6) na avenida Paulista, cartão postal da capital Paulista. O protesto havia sido chamado pelo MPL (Movimento Passe Livre), do qual Ferreira é um dos líderes.
Em entrevista ao UOL, o estudante afirmou que ações como depredações de bancas de jornais e acessos de estações de metrô só ocorreram pela dimensão que o movimento ganhou –segundo a PM, ao menos 2.000 pessoas participaram –e pela “violência da PM” na avenida 23 de Maio, onde também houve protestos e confronto.
“Na 23 [de Maio], a PM atacou a manifestação com bombas de efeito moral e com bombas que são capazes de mutilar uma pessoa. Depois disso, a coisa mudou e o grupo se dividiu em três”, disse. “Mas a população deixou claro que o aumento da tarifa não vai passar batido”, disse, referindo-seao reajuste de R$ 3 para R$ 3,20 do último dia 2.
Sobre o lixo jogado na Paulista e as depredações de estações de metrô –situações que custaram 15 detenções e seis indiciamentos por dano qualificado ao patrimônio público, na Polícia Civil --, Ferreira resumiu: “O lixo na avenida tem o único sentido de atrasar o avanço da polícia, é uma barricada. Já sobre o que foi quebrado, o MPL é um grupo que convocou o protesto, mas outros grupos participaram. Não dá para separar quem é manifestante e quem é população, a gente não tem esse controle. O que virou ali foi uma revolta popular e um clima de guerra; é normal que algumas coisas aconteçam”, concluiu.
Além de estudantes, a manifestação do MPL teve o apoio de partidos nanicos de esquerda, sindicatos e entidades ligadas ao direito por moradia, explicou o jovem.
Se o protesto marcado pelo movimento para logo mais, às 17h, no Largo da Batata (zona oeste), será nos mesmos moldes do de ontem?
“A estratégia é a mesma: não sairemos da rua enquanto a tarifa não baixar”, encerrou.
Ontem, o movimento fechou não apenas a Paulista e a 23 de Maio, como outras vias importantes da cidade de São Paulo. O protesto de hoje foi marcado via Facebook ontem à noite com o mote "se a tarifa não baixar, amanhã [hoje] vai ser maior".
Até as 17h, horário da concentração no Largo da Batata, pouco mais de 5.400 pessoas haviam confirmado presença na página do evento.
PM faz relatório de danos
Conforme o relatório da PM à secretaria, um grupo de 2.000 pessoas pichou as ruas e incendiou lixeiras na Paulista. "Algumas jogavam garrafas, pedras e pedaços de madeira contra a polícia. Manifestantes também invadiram o Terminal Bandeira e picharam diversos ônibus, além de um DP [distrito policial] próximo ao metrô Trianon. Também entraram em um shopping [o Pátio Paulista] e danificaram um carro exposto para sorteio", diz trecho do relatório da PM encaminhado à Secretaria de Segurança Pública.
Nas redes sociais do movimento, nesta manhã foram comuns os relatos de eventuais abusos da PM diante dos manifestantes. Indagada se também estão sob investigação casos desse tipo, a SSP informou que não há nenhum boletim de ocorrência do tipo.
Metrô vai processar autores de vandalismo
Também hoje, a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP) divulgou nota na qual informou que os danos causados por atos de vandalismo durante a manifestação na avenida Paulista totalizaram R$ 73 mil. A empresa disse ainda que acionará judicialmente os autores do atos por danos ao patrimônio público.
De acordo com o Metrô, a maior parte do prejuízo foi de vidros quebrados –R$ 68 mil. Outros R$ 5.000, segundo a empresa, foram necessários para substituir lâmpadas quebradas.
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