Topo

Após operação do Bope, população de favela da Maré fica 36 horas sem luz

Movimentação de policiais do Batalhão de Choque e do Bope na entrada da comunidade Nova Holanda, no complexo de favelas da Maré - Fábio Teixeira/Parceiro/Agência O Globo
Movimentação de policiais do Batalhão de Choque e do Bope na entrada da comunidade Nova Holanda, no complexo de favelas da Maré Imagem: Fábio Teixeira/Parceiro/Agência O Globo

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

26/06/2013 13h54

Moradores da favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, ocupada por policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais) entre a noite de segunda (24) e o fim da tarde de terça-feira (25) ficaram ao menos 36 horas sem energia elétrica.

A Light (concessionária de distribuição de energia) reestabeleceu as ligações de luz somente após as 10h desta quarta-feira (26), mas o número de casas sem energia não foi informado pela concessionária. Apenas em uma das ruas afetadas pelo apagão, cem famílias ficaram no escuro, segundo a ONG Observatório de Favelas.

De acordo com a empresa, ao menos três transformadores foram danificados por tiros. Equipes ainda permaneciam na comunidade na manhã desta quarta para consertar os estragos na rede e reestabelecer totalmente o fornecimento de energia.

Os moradores se queixaram e acusam a Light de descaso com os chamados para religação da energia. De acordo com Jorge Barbosa, diretor da ONG, que fica no complexo da Maré, foram vários chamados para a Light durante a terça-feira.

Menores aproveitam protesto para fazer arrastão no Rio

"Assim dá para ver como a comunidade é tratada. Ontem eles se negaram o dia todo a vir aqui para fazer um conserto que fizeram hoje em meia hora", disse Barbosa.

A empresa disse que chegou a enviar equipes na terça-feira para a Nova Holanda durante o dia, mas os funcionários não conseguiram entrar na comunidade por causa dos conflitos, que começaram na noite de segunda.

Nove pessoas morreram –sendo pelo menos três inocentes-- e 14 ficaram feridas durante a ocupação da comunidade pelo Bope. Três feridos ainda estão internados no Hospital Federal de Bonsucesso.

Cerca de 300 policiais do Bope, com apoio do 22º Batalhão de Polícia Militar (Maré) e de policiais civis, ocuparam a favela Nova Holanda em uma operação para prender os suspeitos de matar um policial do Bope na noite de segunda. Além da falta de energia, os confrontos deixaram cerca de 7.500 crianças sem aulas e comerciantes fecharam as portas.

A operação começou após um arrastão ocorrido em Bonsucesso após uma manifestação. Policiais do Bope e da Força Nacional de Segurança foram para a região tentar capturar os criminosos. O sargento que morreu na operação tinha 17 anos de serviço, sendo 13 deles no Bope, e deixa mulher e dois filhos.

Um suspeito de ter matado o PM identificado como Edvan Ezequiel Bezerri, conhecido como Ninho, foi preso juntamente com outras sete pessoas e um menor foi apreendido com uma pistola 380. Foram apreendidos ainda dois fuzis, uma submetralhadora, três pistolas, uma granada e mais de 2.000 trouxinhas de maconha.