Caminhoneiro é morto após furar bloqueio grevista no RS; é a 1ª vítima em três dias de protestos
Um caminhoneiro foi morto na noite desta quarta-feira (3), segundo a polícia, após furar um bloqueio de grevistas no Rio Grande do Sul. O caso ocorreu por volta das 20h50, no km 420 da BR-116, próximo a Camaquã (a 122 km de Porto Alegre).
Renato Kranlow, 44, que seguia de Pelotas para Porto Alegre, estava sendo escoltado por policiais depois de ser agredido por manifestantes, quando foi atingido na garganta por um objeto arremessado contra o veículo. Ele morreu no local.
O que pedem os caminhoneiros
O Movimento União Brasil Caminhoneiro pede subsídio ao preço do óleo diesel e isenção do pagamento de pedágio pela categoria em todas rodovias do país. Também reivindica a criação de uma secretaria do transporte rodoviário de cargas, subordinada diretamente à Presidência da República, e aprovação de um projeto de lei -- em tramitação no Congresso -- que aprimora a Lei do Motorista.
Essa é a primeira morte relacionada à paralisação nacional da categoria, que começou na última segunda-feira (1º) e ocorreu em pelo menos seis Estados nesta quarta-feira. Até agora, 15 pessoas foram presas.
Entre outros pleitos, os manifestantes reivindicam isenção de pedágio, subsídio ao óleo diesel, criação de estrutura exclusiva para atender ao transporte rodoviário de cargas e aprimoramento da Lei do Caminhoneiro.
Considerando todos os protestos ocorridos pelo país nas últimas semanas, pelo menos outras seis pessoas já morreram.
Desentendimento e agressão
Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), o caminhoneiro foi obrigado a parar em um posto de gasolina, após furar um bloqueio no Km 427, onde estão concentrados manifestantes convocados pelo MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro).
No local, ele se desentendeu com os grevistas e foi agredido. Ferido, o motorista pediu apoio de policiais da PRF, que acompanham a manifestação, para registrar queixa na delegacia de Camaquã (cidade mais próxima do local) e buscar atendimento médico.
Projeto de lei aumenta jornada dos caminhoneiros em 2h
Projeto de lei que altera a jornada de trabalho dos caminhoneiros está para ser votado. Se aprovado, os profissionais poderão dirigir até 6 horas, sem descanso, ao contrário da lei atual que prevê no máximo 4 horas seguidas ao volante.
Segundo os patrulheiros, eles acompanhavam o caminhão de longe quando o veículo perdeu o controle e colidiu contra um barranco. Ao abordarem o caminhão e abrirem a cabine, os policiais se depararam com o motorista desacordado.
Uma equipe médica foi chamada e constatou a morte do caminhoneiro. Ainda de acordo com a polícia, é possível que o homem tenha morrido engasgado como próprio sangue por causa do ferimento na garganta.
O para-brisa do caminhão foi avariado, e a polícia acredita que algum objeto pontiagudo--possivelmente uma pedra-- tenha sido arremessado contra o veículo e ferido mortalmente o caminhoneiro. O veículo passará por perícia nesta quinta-feira (4). O motorista deixa esposa e dois filhos. Ninguém foi preso.
Paralisação sob suspeita
Mais cedo, nessa quarta-feira (3), terceiro dia de paralisação nacional de caminhoneiros, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a PF (Polícia Federal) investigue a paralisação.
A abertura de inquérito aconteceu após o ministro dos Transportes, César Borges, pedir que Cardozo tome "as medidas cabíveis" em relação ao movimento.
Para Borges, o MUBC “poderia se configurar até como um locaute", ou seja, a paralisação de serviços coordenadas por empresários.
De acordo com Cardozo, a paralisação dos caminhoneiros "pode ensejar vários crimes que serão apurados".
Também nesta quarta, a União conseguiu o bloqueio de cerca de R$ 6,3 milhões do movimento, correspondente ao pagamento de multa pela desobediência de decisão judicial que proíbe a paralisação de estradas federais em todo o país.
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