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Polícia entrega inquérito ao MP, mas pede mais tempo para investigar morte de Tayná

Tayná desapareceu em 25 de junho, após avisar a mãe que estava voltando para casa - Reprodução/CGN
Tayná desapareceu em 25 de junho, após avisar a mãe que estava voltando para casa Imagem: Reprodução/CGN

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

15/08/2013 18h59

A polícia enviou nesta quinta-feira (15) ao MPE (Ministério Público Estadual) o inquérito que apura o assassinato da jovem Tayná Adriane da Silva, 14, encontrada morta em Colombo (região metropolitana de Curitiba), em 28 de junho.

A partir de agora, os promotores têm 15 dias para oferecer denúncia à Justiça, a partir de novas provas e depoimentos colhidos pela polícia. No entanto, o delegado Guilherme Rangel, que comanda as investigações desde a crise que se abriu no caso após a denúncia de que os quatro suspeitos foram torturados em delegacias, pediu mais 30 dias de prazo.

“Vamos analisar o que está no inquérito para decidir se temos condições de oferecer denúncia ou se concedemos o prazo pedido pela polícia”, informou o promotor Paulo Sérgio Markowicz de Lima.

Como a investigação corre sob sigilo de Justiça, o MPE não deu detalhes sobre o conteúdo do inquérito. “Mas não descartamos haver mais suspeitos além dos quatro iniciais”, disse ele.

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O caso

Tayná desapareceu em 25 de junho, após avisar a mãe que estava voltando para casa. No dia 27, a delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, prendeu Sérgio Amorin da Silva Filho, 22, Paulo Henrique Camargo Cunha, 25, Adriano Batista, 23, e Ezequiel Batista, 22.

Segundo o delegado Silvan Rodnei Pereira, os quatro confessaram ter estuprado e matado Tayná – apenas Ezequiel negou a autoria, mas teria admitido ter testemunhado o estupro e o assassinato dela.

Dias depois, porém, veio à tona que o sêmen encontrado nas roupas de Tayná não pertencia a nenhum dos suspeitos. Em seguida, eles disseram que confessaram os crimes após terem sido torturados.

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O caso gerou uma “crise” na “legitimidade da atuação” da Polícia Civil, segundo o secretário da Segurança Pública do Paraná, Cid Vasques. Ele anunciou, nesta terça (23), a substituição do delegado-geral da corporação.

Os quatro suspeitos foram levados para fora do Estado, protegidos pelo Programa Federal de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas.

Nesta semana, a Justiça de Colombo aceitou denúncia contra 15 das 19 pessoas denunciadas pelo MPE por torturar os suspeitos – inclusive o delegado Silvan Pereira. A decisão transforma 15 policiais em réus por crime de tortura. Dois também devem ser julgados por crime contra a dignidade sexual.

Na semana passada, ao UOL, a irmã de Tayná, Márcia Fernanda Silva, disse que a investigação policial está “toda torta”. “Não sei o que estão escondendo, o que estão defendendo. Só sei que ela [Tayná] não estão defendendo. Nem a gente”, desabafou.

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