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Choque é acionado para conter princípio de rebelião em Pedrinhas, no Maranhão

Aliny Gama e Carlos Madeiro

Do UOL, no Recife e São Luís

16/01/2014 15h47Atualizada em 16/01/2014 18h26

Presos da CCPJ (Central de Custódia de Presos de Justiça), localizada no complexo penitenciário de Pedrinhas, se rebelaram na tarde desta quinta-feira (16). O princípio de motim ocorreu no bloco A da CCPJ.

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Segundo a Sejap (Secretaria de Estado de Justiça e Administração Penitenciária), homens da Tropa de Choque da PM (Polícia Militar), Força Nacional e do Geop (Grupo Especial de Operações Penitenciárias) estão no local e já “contiveram princípio de tumulto”. Os homens da Força Nacional deixaram o local por volta das 17h.

Por conta da rebelião desta tarde, o diretor de segurança do centro de triagem de Pedrinhas, Jean Sterfferson, informou que a transferência de cinco presos que vinham do CDP (Centro de Detenção Provisória) para o CCPJ, unidades do complexo de Pedrinhas, foi suspensa.

“Ninguém esperava esse motim de hoje até porque estava uma calmaria”, disse Sterfferson, ressaltando que os presos se rebelaram porque estão em greve de fome desde a última segunda-feira e não tiveram os pedidos atendidos pela administração penitenciária.

Eles querem que a tropa da PM saia do complexo de Pedrinhas e que haja afrouxamento nos procedimentos se segurança e nas revistas.

Segundo um prestador de serviço do CCPJ, nenhum preso foi ferido durante o motim. A Sejap informou ainda que o “clima nesse momento é de tranquilidade no local”.

Desde a última segunda-feira (13), presos de três pavilhões da CCPJ estão em greve de fome.

Familiares de presos estão na frente do complexo esperando informações. 

As mulheres que visitavam presos na penitenciária São Luís 1, vizinha à CCPJ, onde ocorreu o motim, se assustaram com o barulho dos tiros e estão do lado de fora esperando notícias dos familiares.

Mãe de três presos que estão no complexo de Pedrinhas, Marcilene Martins disse estar preocupada com a situação dos filhos e relata que o clima no local é tenso.

“Deram para mais de cinco tiros e saímos correndo para cá. Ninguém do presídio dá informação de como está lá dentro e estamos aqui fora esperando por notícias”, disse Marcilene.

“Estava visitando meu marido e ao ouvir os tiros disparados saí correndo. A situação lá dentro é muito ruim”, contou a mulher de um preso da penitenciária São Luis 1 que não quis se identificar.

“Ouvi muitas bombas e um disparo efetuado por um agente. Durou bem uma hora isso, mas parou faz 20 minutos, umas 15h”, contou outra mulher de um preso da São Luís I, que também não quis se identificar.

Violência

Em vistoria no ano passado ao complexo, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) relatou que o domínio de facções criminosas que agem dentro dos presídios maranhenses deixa as unidades prisionais "extremamente violentas".

Em relatório após a visita, o CNJ apontou ainda que mulheres de presos que não são líderes de facções são estupradas em dias de visita pelo comando dos grupos criminosos para que os maridos não sejam assassinados. Há relatos de estupros fora dos presídios a mando dos líderes de facções.

O Estado passa por uma crise na área se segurança pública, que tem como foco o complexo de Pedrinhas. Superlotado, com 1.700 vagas e 2.200 presos, o complexo registrou 62 mortes desde o ano passado --60 em 2013 e duas neste ano.

Após uma intervenção da PM (Polícia Militar) no complexo, detentos ordenaram ataques fora do presídio -- em um deles uma menina de 6 anos morreu depois de ter 95% do corpo queimado em um ônibus que foi incendiado por bandidos.

A maior parte das mortes no complexo tem relação com brigas entre as facções criminosas que tomam o complexo -- a Bonde dos 40, nome em alusão à pistola ponto 40, e PCM (Primeiro Comando do Maranhão), facção ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo.