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Diretoria de presídio do Maranhão diz que preso manteve contato com sindicalistas

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

29/01/2014 14h08Atualizada em 29/01/2014 14h10

A diretoria do CDP (Centro de Detenção Provisória) do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, afirmou que um preso vinha mantendo contato por telefone com um membro do Sindspem (Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Maranhão) e um ex-diretor de uma unidade do sistema prisional do Maranhão.

Segundo a diretora do CDP, Josiane de Oliveira Furtado, foi encontrado um telefone celular durante uma revista, na terça-feira (28), e o preso José Jarderson Sá Matias, que estava de posse do aparelho, informou que era usado para se comunicar com a diretora de comunicação do Sindspem, Liana Furtado Gomes, e com o ex-diretor da Penitenciária de Pedrinhas, Raimundo Fonseca, que é membro do sindicato.

De acordo com o documento da Sejap (Secretaria de Estado da Justiça e da Administração Penitenciária), foram encontrados com o preso ainda três chips de operadoras diferentes. Um procedimento administrativo foi aberto para investigar a suspeita.

O Sindspem negou as acusações e informou que na tarde desta quarta-feira (29) estará protocolando um documento na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em São Luís, solicitando que o MP (Ministério Público Estadual) investigue o caso.

“Estamos pedindo que sejam quebrados os sigilos telefônicos e bancários de toda diretoria do sindicato, pois estão criando ‘factóides’ para desestabilizar nosso movimento. Não temos conhecimento de envolvimento de nenhum membro com presos e pedimos que isso seja investigado com rigor”, disse Antônio Benigno Portela, presidente do Sindspem.
Portela destacou ainda que os dois acusados negam as acusações e que se dispuseram a autorizar a quebra do sigilo das linhas telefônicas.

“São servidores que nunca tiveram envolvimento em nada, tem uma história de vida a zelar, e por isso queremos que seja esclarecida tão logo essa acusação grave. Se houver envolvimento de algum agente penitenciário que ele seja punido”, disse Portela.

Paralisação

Os agentes penitenciários não estão mais trabalhando dentro dos presídios maranhenses. Desde o último dia 20 que os servidores estão à disposição da Superintendência de Controle e Execução Penal da Sejap no trabalho externo com os presos.

Na terça-feira (28), o sindicato realizou um protesto e os agentes paralisaram as atividades por 24 horas. A entidade quer que os agentes retornem as atividades dentro dos presídios, que é feita atualmente por profissionais terceirizados.

Atualmente a segurança interna dos presídios é feita por policiais militares, desde que o Estado determinou a militarização após o CNJ cobrar providências por conta do número de mortes ocorridas no complexo penitenciário de Pedrinhas.

Superlotado, com 1.700 vagas e 2.200 presos, o complexo registrou 60 assassinatos em 2013.

Após uma intervenção da PM (Polícia Militar) no complexo, presos integrantes de facções criminosas ordenaram ataques fora do presídio -- em um deles uma menina de 6 anos morreu depois de ter 95% do corpo queimado em um ônibus que foi incendiado por bandidos.

Duas pessoas atingidas pelo fogo continuam internadas em estado grave.