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Foi um acidente, diz mãe de suspeito de matar cinegrafista

Fogos eram para fazer barulho, diz mãe de suspeito - Reprodução/O Globo
Fogos eram para fazer barulho, diz mãe de suspeito Imagem: Reprodução/O Globo

Do UOL, em São Paulo

12/02/2014 09h24

A mãe de Caio Silva de Souza, suspeito de acender o rojão que matou o cinegrafista da "Band" Santiago Ilídio Andrade, afirmou que o filho soltou o explosivo para fazer barulho durante uma manifestação contra o aumento das tarifas de ônibus, na última quinta-feira (6). O jovem foi preso na madrugada desta quarta-feira na cidade de Feira de Santana (BA), a cerca de 100 quilômetros de Salvador, e chegou ao Rio por volta das 9h30.

"O que aconteceu foi um acidente. Poderia ter acontecido com qualquer filho de professor, de advogado liberal, com qualquer um lá. Foi um acidente e os fogos eram para fazer barulho”, disse Marilene Mendonça em entrevista ao jornal "O Globo".

Segundo ela, o filho não se apresentou à polícia, pois não tem dinheiro para pagar um advogado. Ela afirmou ainda que fica triste pela família do cinegrafista, mas que o jovem não jogou o explosivo intencionalmente em Andrade.

“Não tem ninguém para defendê-lo. Fica muito difícil a pessoa chegar a uma delegacia sem um advogado", disse.

Segundo o advogado Jonas Tadeu, que representa Caio, o jovem estava indo para Ipu (CE), foi convencido a interromper a viagem e desceu do ônibus em Feira de Santana. Em entrevista à "TV Globo", Jonas Tadeu afirmou não considerar que houve uma fuga e, sim, uma apresentação.  

"Não participam de grupo nenhum [black blocs]. É um jovem miserável financeiramente, de baixo discernimento, com ideais de uma sociedade melhor. São jovens aliciados, manipulados. Esses jovens foram municiados. Aquele rojão que matou, infelizmente, o cinegrafista foi entregue por quem indiretamente alicia esses jovens", afirmou o advogado. Ele disse não poder dizer quem são os aliciadores por sigilo profissional.

O advogado disse ainda que Caio não sabia que o explosivo era um rojão. Ele acreditava se tratar de um "cabeção de nego". Após quatro dias internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo), o cinegrafista teve morte encefálica na manhã de segunda-feira (10), no Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio.

Diante da polícia, o suspeito se manteve em silêncio desde que foi preso. Segundo o responsável pela investigação, delegado Maurício Luciano da 17ª DP (São Cristóvão), o jovem não admitiu ter soltado o rojão.

"O Caio, assim que foi preso, não esboçou reação. Disse que não falaria a respeito do fato. Agora, sendo ouvido na delegacia manteve esse posicionamento. O Caio não admitiu nem negou o que lhe é atribuído", afirmou. "Mesmo sem confissão, as provas são contundentes."

O delegado disse que o suspeito tem um jeito de ser na vida particular e outro quando está em grupo. Luciano acompanhou Souza no voo que o levou de Salvador para o Rio de Janeiro.

"Ele é um cara tranquilo, cumprimenta a todos. No trabalho ficaram surpresos [com o envolvimento dele]. Caio na vida particular, sozinho, tem um jeito", afirmou. "Sob efeito da multidão se transforma e passa a agir de forma extremamente violenta."

O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, afirmou que o inquérito será entregue à Justiça na próxima sexta-feira (14). "Há uma ordem de prisão cautelar expedida para o Caio Silva de Souza", disse. "Chegamos ao Caio via advogado. A diferença entre parar de fugir ou se entregar só o juiz vai avaliar."