Após ataques a UPPs, PM ocupa três favelas na zona norte do Rio
Agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do COE (Grupamento Aéreo do Comando de Operações Especiais) ocupam as comunidades Parque União e Nova Holanda, no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, para fazer uma "varredura" em busca de armas e drogas na manhã deste sábado (22), dois dias após os ataques a três comunidades com UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na cidade, na noite de quinta-feira (20).
Segundo a Polícia Militar, foram apreendidos até agora sete quilos de maconha e dois quilos de cocaína na favela Parque União. Cinco batalhões da PM ocupam outros dois morros na zona norte do Rio desde a noite dessa sexta-feira (21).
O Batalhão de Choque realiza operação no Morro do Chapadão, em Costa Barros, também em busca de armas e drogas que poderiam ter sido deixadas por bandidos que atuavam na região. Suspeitos já teriam sido presos e carros, motos e drogas teriam sido apreendidos.
Já uma operação no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, começou por volta das 20h de sexta. A favela fica na área do 41º Batalhão de Polícia Militar, em Irajá, que contou com o apoio do 9º BPM e 14º BPM para a ocupação.
Em Madureira, um ônibus foi incendiado por cerca de 20 adolescentes encapuzados na rua Pirapora, perto da rua Conselheiro Galvão, também na noite de ontem.
Na noite de quinta-feira (20), o primeiro ataque foi em Manguinhos, onde os criminosos atearam fogo à base da UPP e em viaturas policiais. Logo após, a UPP Camarista Méier, situada no complexo de favelas de Lins de Vasconcelos, também foi alvo de tiros, sem feridos. O último ataque até agora ocorreu na UPP do Alemão, onde policiais foram surpreendidos por bandidos e houve tiroteio, com dois suspeitos baleados.
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), se reuniu com a presidente Dilma Rousseff (PT) para pedir o envio de tropas federais para o Estado para ajudar a conter a violência Toda a cúpula da Segurança pública no Estado esteve em reunião com a petista, em Brasília (DF). Segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, os detalhes da cooperação não serão adiantados, mas haverá uma reunião na próxima segunda-feira (24), às 10h, entre autoridades de segurança do Rio e do governo federal.
Em entrevista à rádio CBN Rio, o coronel comandante da PM do Rio, Frederico Caldas, disse que os próximos passos da operação será definido na reunião. O comandante também afirmou que a instalação de UPP na Maré ainda está sendo analisada.
Participação do PCC
Reportagem da "Folha de S.Paulo" publicada neste sábado informa que agências de inteligência do governo federal e da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro indicam que há seis meses vem sendo elaborado um plano de ataques às UPPs na cidade.
A ação, segundo esses dados, conta com o financiamento da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo (SP), e a participação de policiais corruptos. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, recebeu relatos e investigações que mostram que os ataques só se concretizaram com a evolução dessas duas pontas.
Desde o dia 12 de março, os ataques eram esperados. No dia 16, havia a informação de que poderiam ocorrer simultaneamente em vários pontos da capital. A Polícia Federal tem informações de que, semanalmente, traficantes do Comando Vermelho se reúnem com integrantes do PCC nas favelas de Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré, zona norte da cidade.
Violência em 2014
A onda de violência em UPPs se intensificou em janeiro deste ano, com ataques ao Complexo do Alemão. Em fevereiro, durante ataque à UPP Parque do Proletariado, no Complexo da Penha, a soldado Alda Rafael Castilho não resistiu aos ferimentos depois de ser baleada por criminosos.
Na UPP Nova Brasília, no Complexo do Alemão, o soldado Rodrigo de Souza Paes Leme foi morto após confronto com traficantes. Na última semana, o tenente Leidson Acácio Alves também foi alvo de ataques no Alemão e não resistiu aos ferimentos. As UPPs da Rocinha do Pavão-Pavãozinho também sofreram com tiroteio nos últimos meses.
O governador atribuiu a série de ataques a uma ação deliberada das facções criminosas para desestabilizar o programa das UPPs e disse que os criminosos já estão sendo monitorados.
"É um ataque já detectado pelos serviços de informação e de inteligência do governo federal e do governo estadual deliberado, com gravações e informações de diálogos entre chefes dessas organizações criminosas", afirmou. "A marginalidade tenta reocupar territórios, tenta desmoralizar a nossa polícia e o Estado é um só. O Estado tem de se mostrar forte, unido, capaz de debelar o crime organizado". (Com Estadão Conteúdo)
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