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Sabesp diz que SP tem abastecimento de água garantido até o final do ano

Camila Maciel

Da Agência Brasil, em São Paulo

10/04/2014 13h42Atualizada em 10/04/2014 16h57

A presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, disse nesta quinta-feira (10) que as projeções da empresa apontam segurança no abastecimento de água, sem necessidade de rodízio, até o final do ano, considerando o pior cenário de chuvas e a utilização da reserva técnica. Esta reserva técnica, também chamada de "volume morto", é a água que fica no fundo dos reservatórios.

A informação foi prestada durante a cerimônia que marcou início das obras de um novo sistema de fornecimento de água no município de Vargem Grande Paulista, a 40 quilômetros da capital.

No entanto, a declaração contradiz relatório da própria Sabesp, publicado nesta semana no site da empresa, que levanta pela primeira vez de forma oficial a possibilidade de um racionamento de água no Estado ainda neste ano.

"Se as chuvas não retornarem a índices adequados e, consequentemente, os níveis dos reservatórios não forem restabelecidos, poderemos ser obrigados a tomar medidas mais drásticas, como o rodízio de água", afirmou a concessionária em seu relatório de sustentabilidade referente ao ano de 2013.$escape.getH()uolbr_geraModulos($escape.getQ()embed-infografico$escape.getQ(),$escape.getQ()/2014/veja-quais-sao-os-reservatorios-de-agua-da-grande-sao-paulo-1394752281768.vm$escape.getQ())

O governador Geraldo Alckmin, que também participou do evento, destacou que a definição sobre o rodízio no estado vai depender de uma decisão técnica da Sabesp.

“Não está decidido. Eu disse que nós não descartamos, mas é preciso fazer uma avaliação cuidadosa. Qualquer que seja essa avaliação, ela vai ser implantada”, declarou. A avaliação técnica é feita com o acompanhamento diário do comportamento de todos os reservatórios.

Alckmin destacou que os técnicos vão incluir na avaliação os efeitos da ampliação para 31 municípios, na semana passada, do bônus de 30% na conta de água para quem reduzir o consumo em 20%. De acordo com a Sabesp, a medida aplicada na região do Cantareira resultou em uma economia de 2 metros cúbicos por segundo.

A presidente da Sabesp, no entanto, disse que as medidas de estímulo à economia do consumo devem ser complementadas com outras ações, como a transferência de água do Alto Tietê e do Guarapiranga para o Cantareira. Dilma Pena informou ainda que a água do volume morto estará disponível para ser usada a partir de maio, recurso que será adotado pela companhia.

A dirigente também assegurou que o Sistema Cantareira continua se recompondo e que, por isso, o baixo nível do armazenamento atual (12,%) não é um indicador de que o reservatório vá secar. “Ele continua tendo vazão afluente [água que entra nos reservatórios] e continua se recompondo. A natureza não para”, explicou. Segundo o governo estadual, a situação de falta de chuvas em São Paulo é a pior dos últimos 80 anos.

Durante o evento, foi anunciada a construção de um novo sistema de abastecimento que usará água do Rio São Lourenço para beneficiar 1,5 milhão de pessoas nos municípios de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista.

Segundo o governo estadual, o crescimento populacional da região metropolitana oeste de São Paulo é maior do que o da população do estado. Enquanto a média estadual é 0,87%, algumas dessas cidades têm média acima de 2% ao ano.

“Ele vai ajudar toda a metrópole porque alivia o Cantareira”, destacou Alckmin, ao anunciar o investimento.

A previsão é que o novo sistema entre em funcionamento a partir de 2017, oferecendo 2,1 metros cúbicos por segundo, mas com potencial de ampliação para até 6,2 metros cúbicos por segundo. A construção será feita por meio de uma parceria público-privada, com investimento de R$ 2,21 bilhões.

A presidente da Sabesp destacou que São Paulo é o único estado que tem um plano de segurança de abastecimento de água até 2035, dando como exemplo o planejamento da empresa para a macrometropóle paulista.

Apesar disso, o Ministério Público (MP) de São Paulo anunciou que vai investigar se houve erros de gestão na condução da atuação crise no abastecimento do estado. Segundo o MP, há suspeitas de falhas na precaução contras as adversidades climáticas.