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Grevistas não serão punidos, mas devem negociar, diz Ministério do Trabalho

Vanessa Corrêa da Silva

Do UOL, em São Paulo

21/05/2014 11h52

Em reunião com representantes do Sindimotoristas (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo de São Paulo) e do SPUrbanuss (o sindicato patronal das empresas de ônibus de São Paulo), o superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego, Luiz Antonio Medeiros, disse que ainda não foram identificadas as lideranças do movimento responsável pela paralisação de ônibus na cidade, e garantiu que nenhum grevista será punido.

"Não sabemos quem está por trás da paralisação. O Ministério garante que não haverá represália, mas tem que ter representantes. Não adiante ter greve sem negociação", afirmou Medeiros.

A declaração contradiz afirmação feita mais cedo pelo diretor da SPUrbanuss, Francisco Christovam, que havia ameaçado os grevistas com demissão por justa causa.

O superintendente irá até a Viação Santa Brígida (a primeira a aderir à paralisação na terça-feira), na zona oeste da cidade, conversar com os trabalhadores. Ele espera trazer os líderes do movimento para uma reunião com os sindicatos prevista para esta tarde.

José Valdevan, o Noventa, presidente do Sindimotoristas, afirmou que "a paralisação atinge cerca 30% dos trabalhadores, mas consideramos uma paralisação forçada. Fomos pegos de surpresa, não sabemos quem está por trás".

PM será investigada

O promotor de Justiça César Dario Mariano afirmou ter instaurado inquérito civil para apurar porque a Polícia Militar não está cumprindo ordem judicial de 2013 que determina intervenção da corporação em qualquer tipo de manifestação que interfira no transporte público.

A medida foi tomada depois de o secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, entrar com uma representação no Ministério Público. "Se ficar constatada omissão, isso implicará prática de improbidade administrativa", disse.

Reivindicações

Os motoristas e cobradores que têm participado das paralisações pertencem a uma dissidência da atual direção do Sindimotoristas que, até agora, preferiu manter-se no anonimato.

O pouco que se sabe do grupo dissidente é que eles exigem um reajuste maior do que os 10% propostos pelas empresas de ônibus e aprovados na última segunda-feira (19) em assembleia da categoria que reuniu milhares de trabalhadores.

Segundo Noventa, a categoria abriu negociação com as empresas exigindo 13% de reajuste. Inicialmente, o SPUrbanuus ofereceu 5,2% de reajuste, equivalente à inflação do último ano.  Diante da recusa dos trabalhadores, o sindicato patronal subiu a proposta de reajuste para os 10%.

Também foi oferecido aumento de R$ 1,20 no vale-refeição diário, que passou de R$ 15,30 para R$ 16,50, além de uma parcela fixa anual de R$ 850, referente à participação nos lucros e resultados (PLR). O acordo também prevê o reconhecimento de insalubridade, que permitirá aos motoristas e cobradores se aposentar com 25 anos de trabalho (atualmente o tempo de serviço é de 35 anos para homens e 25 para mulheres).

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