Com acordo em Salvador, greves de ônibus seguem em 3 capitais
Quatro capitais do país enfrentaram paralisações de ônibus nesta quarta-feira (28). Florianópolis, Salvador e São Luís tiveram uma manhã de problemas, com 2,6 milhões de pessoas afetadas. No Rio de Janeiro, a greve não teve grande adesão e pelo menos 80% dos ônibus circulam.
No início da tarde, os rodoviários da capital baiana aceitaram a proposta de 9% de aumento no salário, além de outros benefícios, e puseram fim à greve, que já durava três dias. A paralisação afetou toda a região metropolitana e 1,5 milhão de pessoas. Apenas 200 ônibus --menos de 10% da frota-- saíam das garagens, escoltados por policiais militares.
A proposta aceita hoje foi similar à feita pelos empresários e acordada com integrantes do Sindicato dos Rodoviários da Bahia na segunda-feira. Dissidentes, porém, haviam dado início à greve.
"Estamos ligando para as empresas para que a vida da cidade volte ao normal o quanto antes. Faço convocação para os motoristas que voltem para as garagens. Vamos tentar colocar 100% dos ônibus nas ruas", afirmou Fábio Mota, secretário municipal de Transportes e Urbanismo.
Florianópolis
Na Grande Florianópolis, a greve atingiu 400 mil usuários do sistema. A paralisação foi decidida em assembleia nessa terça-feira (27) e deve durar até a meia-noite. Nenhum ônibus está circulando na cidade.
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, no maior terminal da cidade, por onde passam cerca de 200 mil pessoas por dia, não houve o corre-corre habitual: as catracas eletrônicas foram protegidas por correntes e, sem o vaivém de passageiros, até os quiosques que vendem coxinha a R$ 1,50 fecharam. Os moradores que saíram de casa o fizeram principalmente de carona ou em vans particulares credenciadas pela prefeitura.
A prefeitura montou um esquema de transporte de emergência com 200 vans em duas grandes linhas nos sentido norte-centro e centro-sul. Os preços das passagens do plano emergencial variam entre R$ 5 e R$ 7 --a passagem de ônibus normal custa R$ 2,75 (com cartão eletrônico) e R$ 2,90 a dinheiro. Usuários, porém, reclamam de abusos em algumas vans, com tarifas de R$10.
A greve é uma reação contra a suposta demissão de 350 cobradores. De acordo com o sindicato da categoria, as saídas ocorreriam por causa do sistema de catracas eletrônicas, implantado na cidade em 2001.
São Luís
Pelo segundo dia consecutivo, a greve dos rodoviários em São Luís tirou 100% da frota de ônibus das ruas. Motoristas e cobradores completam uma semana de greve nesta quarta. Sem ônibus nas ruas, terminais e pontos de ônibus estão vazios. Quem precisa usar o transporte coletivo tem de escolher entre vans, táxis de lotação e mototáxis.
Até o fim da noite desta quarta, o Sindicato dos Rodoviários e o SET (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros) continuavam sem acordo e São Luís deverá continuar sem ônibus nesta quinta-feira (29).
Os empresários alegam que só podem atender aos pedidos dos rodoviários se o valor da passagem aumentar de R$ 2,10 para R$ 2,70. A prefeitura recusa a ideia. Pela internet, um grupo promete protestar caso haja o reajuste e já conta com 10 mil pessoas.
"Não temos como negociar sem reajuste da tarifa", afirmou o presidente do SET, José Luiz de Oliveira Medeiros.
"A gente tentou negociar, mas os empresários não quiseram acordo. Amanhã São Luís continuará sem nenhum ônibus nas ruas", disse Gilson Coimbra, presidente do Sindicato dos Rodoviários.
Segundo a SMTT (Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito), 700 mil pessoas por dia estão prejudicadas com a paralisação dos ônibus. Rodoviários e empresários devem se reunir novamente na tarde desta quarta-feira. No encontro realizado na noite dessa terça-feira (27), os empresários se mantiveram irredutíveis e o SET (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros) não apresentou nenhuma proposta.
O Sindicato dos Rodoviários pede o reajuste de 16% nos salários dos trabalhadores do setor, aumento do valor do vale-alimentação para R$ 500, inclusão de um dependente no plano de saúde, implantação do plano odontológico e redução da carga horária de 7h20/dia para 6h/dia. Porém, na reunião ocorrida nessa terça-feira, os sindicalistas baixaram o valor reivindicando para 11%.
Com a paralisação de 100% da frota, o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) informou que vai cobrar do sindicato da categoria o valor da multa por descumprimento de manter 70% da frota de R$ 4.000 por hora.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, motoristas e cobradores fazem uma paralisação de 24 horas, com previsão para terminar à 0 hora de quinta-feira (29). Segundo estimativa do secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão, cerca de 80% dos ônibus circulam pela capital fluminense. Já o Rio Ônibus, sindicato das empresas, estima que 90% da frota está circulando sem problemas. Os rodoviários do Sindicatos da categoria que aderiram à paralisação informaram que a adesão ao movimento foi de 60% da frota.
"Colocaram pessoas sem treinamento para rodar, mecânicos, inspetores, gente sem o treinamento que nós recebemos, pondo a população em risco”, afirmou um motorista que não quis se identificar, por medo de represálias. “Todos que trabalharam hoje, ganharam extra. Alguns R$ 150, outros R$ 200, alguns R$ 150 e mais R$ 50, em cima de cada viagem”.
O Sindicato patronal nega as informações. Essa é a terceira vez que os motoristas paralisam o serviço na cidade em um mês, e a decisão foi tomada na noite de terça, em uma assembleia com 150 pessoas. Eles reivindicam aumento salarial de 40% (e não os 10% acordados entre o sindicato da categoria e as empresas de ônibus), o fim da dupla função e reajuste no valor da cesta básica –de R$ 150 para R$ 400.
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