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Invasores deixam Minha Casa aos poucos no Rio; desocupação tem um tumulto

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

19/11/2014 09h51Atualizada em 19/11/2014 13h10

Os invasores do condomínio do Minha Casa Minha Vida em Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro, que foi ocupado há 12 dias por mais de 200 famílias, começaram a deixar o local por volta das 9h30 desta quarta-feira (19) e seguiam desocupando os apartamentos ao longo do dia. 

Eles saíam acompanhados de muitas crianças, levando colchões e TVs e para o terreno ao lado do condomínio, onde há muitos barracos. Após a retirada das famílias, a PM vai continuar ocupando a região para evitar novas invasões.

O clima de tranquilidade foi momentaneamente interrompido apenas por volta das 12h, quando houve correria entre os invasores. Na comunidade Pedra Rasa, nos arredores do conjunto residencial, um menor de 14 anos foi abordado pela Polícia Militar. Segundo os invasores, o jovem teria sido agredido pelos PMs, e um grupo de aproximadamente 50 pessoas saiu correndo em direção ao local onde o menor se encontrava detido.

Após muita conversa entre PMs e populares, o menor foi liberado. De acordo com o major Costa Neto, chefe do planejamento de segurança da CPA (Coordenadoria de Policiamento de Área), a mãe do jovem foi orientada a procurar o comando da coordenadoria para relatar a suposta agressão.

O Bope (Batalhão de Operações Especiais) ocupa as duas comunidades no entorno do condomínio. "Às 5h30 da manhã, a gente iniciou essa operação nas comunidades do entorno com homens do Bope. Estamos com uma aeronave do GAM [Grupamento Aeromóvel] enviando imagens em tempo real. Essas imagens chegam para o nosso carro de comando e controle e também para o centro de comando e controle do QGA", afirmou o porta-voz da PM, coronel Cláudio Costa. A reintegração de posse dos 240 apartamentos, distribuídos em 11 prédios, havia sido marcada para as 9h.

O coronel Cláudio Costa disse esperar uma ação tranquila. "Os ocupantes foram informados de que estaríamos hoje aqui. Tudo está transcorrendo com muita tranquilidade até agora", afirmou. Muitos invasores já haviam deixado o condomínio nesta semana e, hoje, havia pouco mais de cem pessoas lá dentro. A PM atua com blindados e o auxílio de pelo menos um helicóptero.

Nos primeiros dias de ocupação, criminosos armados foram flagrados dentro do condomínio e nas comunidades do entorno. Segundo o tenente-coronel, eram traficantes de comunidades vizinhas que estavam de passagem pelo condomínio - os prédios foram construídos na área do Complexo do Chapadão, principal zona de confronto hoje entre policiais e criminosos no Rio, que não conta com UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).

Para evitar ataques de traficantes durante a ocupação, militares do Bope ocuparam as favelas do Gogó e Pedra Rasa, que ficam ao lado dos prédios. A rua em frente ao condomínio está interditada e moradores estão sendo impedidos de passar.

Equipes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Corpo de Bombeiros, Conselho Tutelar e da Secretaria de Assistência Social do município do Rio de Janeiro dão apoio à ação, conforme determinação da Justiça.

Por volta de 12h40, uma idosa teve um mau súbito em frente ao condomínio e foi levada pelo Corpo de Bombeiros para o hospital de campanha da corporação, na avenida Brasil. De acordo com os bombeiros, três idosos foram atendidos desde o início da reintegração de posse.

O tenente-coronel Cláudio Costa, porta-voz da Polícia Militar, informou que os militares conversaram muito nos últimos dias com os moradores, que prometeram deixar o local sem qualquer resistência. "Foi o que ocorreu. As famílias já estavam conscientes da saída e  estão deixando os apartamentos sem qualquer incidente", explicou. (Com Agência Brasil)