Ocupação do Exército na Maré teve mortes e militares encurralados; relembre
A partir de abril, o Exército irá deixar gradualmente o Complexo de Favelas da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, para dar lugar à 39ª UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Estado. Os militares chegaram em abril de 2014, poucos meses antes da realização da Copa do Mundo, a pedido do então governador Sérgio Cabral (PMDB).
A atuação dos militares na Maré, que reúne 16 favelas e cerca de 130 mil habitantes, é regulada por uma GLO (Garantia de Lei e Ordem) assinada pela presidência. A medida dá poder de polícia às Forças Armadas dentro de uma área de cerca de 10 km², permitindo aos militares fazer prisões em flagrante, patrulhamentos e vistorias. A GLO foi prorrogada em setembro do ano passado, primeiro até dezembro e depois até junho deste ano.
Até o dia 30 de junho, os cerca de 3.000 militares que ocupam o local darão lugar à Polícia Militar. Em janeiro a Força de Pacificação deu início à transição com a chegada de 212 PMs, que passaram a atuar junto às Forças Armadas no patrulhamento da região.
Atualmente, além da PM, 2.430 militares do Exército Brasileiro e 575 da Marinha patrulham o conjunto de favelas. A cada dois meses a tropa é substituída. Segundo a Força de Pacificação, a seleção dos militares que participam da ocupação foi feita levando em conta a “capacidade profissional e a experiência adquiridas no Haiti e na operação de Pacificação nos Complexos do Alemão e da Penha”.
A partir do dia 1º de abril, as comunidades Roquete Pinto e Praia de Ramos serão excluídas da área da GLO; a partir de 1º de maio, é a vez das favelas Parque União, Rubens Vaz e Nova Holanda passarem a ser patrulhadas pela PM até que toda a Força de Pacificação deixe a Maré no fim de junho.
Veja abaixo alguns dos principais casos de violência registrados na Maré no último ano:
- Em abril, uma mulher de 67 anos morreu após ser atingida por dois tiros. Atingida no peito e no abdômen, Terezinha Justina da Silva chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.
- Em setembro, o líder comunitário Osmar Paiva Camelo, presidente da Associação de Moradores do Morro do Timbaú, foi morto com sete tiros à queima-roupa na sede da associação.
- Em outubro, moradores registraram em vídeo o momento em que militares da Força de Pacificação se abrigam em um mercadinho durante um tiroteio na favela Salsa e Merengue.
- Em novembro, alunos de ao menos dois colégios tiveram que se proteger do tiroteio nas favelas Vila do João e Nova Holanda se jogando no chão dos corredores das escolas.
- Também em novembro, o cabo do Exército Michel Augusto Mikami morreu após ser baleado durante um patrulhamento na Vila dos Pinheiros.
- Em dezembro, motoristas abandonaram seus carros na rua para fugir de um arrastão na Linha Vermelha, vizinha ao conjunto de favelas.
- Em fevereiro, um homem passou cinco dias em coma e teve a perna amputada depois de ser atingido por tiros de fuzil disparados pelo Exército quando voltava para casa de carro de um jogo de futebol com outros quatro amigos.
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