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Quem são os 4 jovens acusados de estupro coletivo no Piauí?

Pórtico da entrada da cidade de Castelo do Piauí, onde as jovens foram estupradas - João Brito Jr/"O Olho"
Pórtico da entrada da cidade de Castelo do Piauí, onde as jovens foram estupradas Imagem: João Brito Jr/"O Olho"

Orlando Berti*

Em Castelo do Piauí

10/06/2015 15h28

O que levou adolescentes de uma pequena e quase pacata cidade do interior do Piauí, bem franzinos, paupérrimos e com pouca idade a raptar, ameaçar, estuprar coletivamente quatro garotas (todas menores de idade) e ainda as amarrar e as jogar de um desfiladeiro, com intuito de matá-las? O que explica a atitude de, depois de cometerem tudo isso, voltarem normalmente para casa como se nada tivesse ocorrido? Por que fazer isso com alguém? Por que tanta frieza e crueldade?

O caso, ocorrido em Castelo do Piauí (que tem aproximadamente 18.400 habitantes, localizada no Sertão Norte do Estado, a 190 quilômetros de Teresina) tem abalado parte do Brasil e ganhado repercussão internacional. A acusação da autoria de tamanha atrocidade recai sobre os adolescentes: B.F.O, 15 anos, G.V.S., 17 anos, I.V.I, 15 anos, e J.S.R, 16 anos. Eles são acusados de raptar, estuprar e tentar matar quatro meninas (duas de 15, uma de 16 e uma de 17 anos) no final do dia 27 de maio.

Os quatro garotos, assim como as quatro vítimas, são moradores da pequena e pobre Castelo. O crime imputado a eles e ao desempregado Adão José de Sousa, 40 anos (também preso), gerou revolta na cidade, que ainda vive clima de luto. Uma das meninas morreu, duas receberam alta e outra continua internada em um hospital.

Diariamente manifestações exigindo punição severa e até execução sumária são alimentadas em redes sociais virtuais e também em rodas de conversa.

Os quatro, presos horas depois do crime, foram transferidos de Castelo do Piauí, sob ameaça de linchamento. Durante a transferência chegaram a levar murros e safanões por parte de populares. Atualmente, estão encarcerados em uma das duas unidades prisionais para menores de idade da capital Teresina. Eles recebem vigilância constante. O maior de idade está na Penitenciária de Altos em ala de isolamento.

A reportagem de “O Olho” foi apurar quem são esses garotos, como eles viviam, quem são suas famílias, o que elas pensam sobre a monstruosidade que vitimou as quatro garotas. Descobriu muitas histórias e revela que o problema está mais próximo de acontecer em proporções e dimensões maiores em vários rincões do Piauí. É uma epidemia quase nacional de jovens atolados nas drogas, na criminalidade, sem estudar, sem saber ler e escrever e sem perspectiva de vida.

Os quatro garotos, apesar de morarem em pontos distintos da cidade, não terem grau de parentesco e terem crescido em lugares diferentes, têm várias características em comum.

Eles não estudavam, tendo vários problemas nas escolas que já frequentaram, com histórico de abandono da vida de aulas. São também semianalfabetos, moram em lugares periféricos em situações de miséria, têm famílias desestruturadas, com histórias de loucuras, depressão, abusos, abandono, revolta e descontrole.

Os quatro também têm várias passagens pela polícia (com um deles com quase uma centena de conduções à delegacia local), além de serem usuários de drogas e assíduos frequentadores de lugares de venda de entorpecentes na cidade. Dois deles, inclusive, já tinham passagens pelo CEM (Centro Educacional Masculino), lugar de encarceramento de menores infratores do Estado, em Teresina.

Suas famílias estão com medo e duas delas já foram ameaçadas, uma, inclusive, de expulsão da cidade. Uma das famílias, no início do ano, já tinha sido expulsa do bairro em que morava por conta das ações criminosas de um dos menores.

Confira as histórias de cada um dos acusados de envolvimento no caso:

*Reportagem publicada originalmente no site “O Olho”