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Ação da PM contra ambulante gera tumulto em protesto em São Paulo

Do UOL*, em São Paulo

18/09/2016 17h18Atualizada em 18/09/2016 19h15

Uma ação da PM (Polícia Militar) contra o comércio irregular resultou em tumulto no fim da tarde deste domingo (18) na avenida Paulista, em São Paulo, onde é realizado um ato contra o presidente Michel Temer. Um vídeo com o registro da cena foi divulgado pelo ex-senador e candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT) em sua conta no Twitter. O político chegou a ser empurrado por policiais e afastado com gás de pimenta. Uma repórter da TV Brasil foi atingida na cabeça com uma garrafa.

A confusão começou por volta das 17h, quando os policiais militares tentaram impedir que uma ambulante vendesse água e cerveja durante a manifestação. Pelas imagens, os agentes abordaram a vendedora. Ela resistiu à ação dos PMs que queriam tomar a caixa com os produtos.

O comandante da Polícia Militar, Rogério Caramit, disse que ninguém foi preso durante a confusão. Ele informou que a operação de fiscalização de vendedores ambulantes na Avenida Paulista foi suspensa para evitar novas confusões. "A Polícia Militar, pelo que levantei previamente, foi fiscalizar um ambulante. Esse é um serviço pelo qual a prefeitura contrata a Polícia Militar. Não vi as imagens ainda. Mas pelo que soube, eles foram fazer uma apreensão dos equipamentos de uma senhora. Se houve agressão, será apurado. Mas já orientei para cessarem essas ações porque é um ambiente de manifestação é difícil", disse ele à reportagem. 

Manifestantes que estavam no protesto ficaram revoltados com a atitude e avançaram sobre os policiais, que revidaram usando spray de pimenta. "A senhora estava vendendo água em uma caixinha de isopor. O policial foi falar que não poderia. O policial falou que não pode, que era ilegal e aí a senhora começou a segurar a caixa dela. Uns dois ou três policiais começaram a bater na senhora e o pessoal ficou revoltado, foi para cima, para defender ela. Eles [policiais] começaram a jogar gás de pimenta de forma indiscriminada. Ainda bem que não teve bomba", disse Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central dos Movimentos Populares e integrante da Frente Brasil Popular.

 

Suplicy tentou falar com os policiais, mas foi empurrado e afastado com gás de pimenta. O tumulto durou pouco tempo.

Em pronunciamento posterior, no caminhão de som utilizado no protesto, o ex-senador disse que que pediu aos PMs para que olhassem para ele “olho no olho” e pediu para “ser tratado com respeito”. “Uma mulher estava lá com a caixa [de isopor] dela, vendendo cerveja, é o trabalho dela. Eu perguntei pelo menos três vezes para os PMs que iriam levar a caixa de cerveja, qual era o crime e por que surraram ela”, indagou o candidato a vereador na eleição deste ano.

O político prometeu escrever uma carta ao governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), sobre a ação dos policiais. “Porque a PM está sendo desrespeitosa com o povo de São Paulo.”

O ex-senador explicou que foi interpelar o policial para saber motivo de impedir a vendedora de trabalhar e "porque quiseram agredir e bater e retirarem a caixa dela. Por que exatamente em uma mulher? Bateram no meu braço", disse Suplicy. "Foi um comportamento injusto e injustificado. A manifestação é inteiramente pacífica", completou.

Indagado sobre o fato de a polícia ter justificado que estava cumprindo uma tarefa dada pela prefeitura da cidade, de fiscalizar os ambulantes, Suplicy disse que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, "jamais permitiria tamanha violência. Os PMs estão descontrolados", afirmou.

Dos quatro protestos organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, pedindo a saída do presidente da República, Michel Temer, e novas eleições no país, em três houve episódios de violência policial. Nas duas primeiras, a PM utilizou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra os manifestantes e uma ocorreu pacificamente.

A organização do protesto formou um cordão de isolamento ao redor do caminhão de som e retomou o ato em seguida.

*Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo