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Com presos no telhado de Alcaçuz, governador diz que situação está sob controle

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

17/01/2017 11h05Atualizada em 18/01/2017 09h16

Apesar de presos ainda estarem soltos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), afirmou que a situação está sob controle. “Tanto tem que nós conseguimos retirar os líderes do PCC [Primeiro Comando da Capital] sem ter tido nenhuma morte, nenhuma troca de tiro entre preso e polícia”, disse a jornalistas, nesta terça-feira (17), em Brasília.

Faria diz que o policiamento só entrará na penitenciária em caso de “extrema necessidade”.

Se a polícia entrar dentro do presídio, pode haver novas mortes, confrontos policiais. Aí vai ser um novo Carandiru. Então temos que evitar que isso aconteça

"Até agora não tivemos mortes de policiais, é importante ressaltar. Não tivemos mortes de agentes penitenciários, não tivemos mortes de reféns. Por enquanto, a morte está restrita a membros de facções", disse o governador, apontando que a briga ficou restrita a PCC e Sindicado do Crime RN.

Faria pediu ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, um incremento no apoio da Força Nacional e uma colaboração técnica, e fez questão de elogiar "a boa vontade" do governo federal.

“Agora [a situação] está um pouco melhor porque conseguimos tirar esses líderes. Por enquanto, está mais calmo”, disse o governador. “O que eles estão ameaçando é fugir. O que temos que trabalhar agora, o Estado, é evitar a fuga [em massa] porque isso vai causar pânico na população”.

Para que isso não aconteça, o governador diz que policiais estão monitorando os presídios 24 horas por dia, mas a polícia não vai entrar no presídio. “O que o Estado vai fazer? Vai entrar e vai matar? Temos que evitar a fuga”.

O massacre foi atribuído ao PCC, que atacou integrantes de outra facção, o Sindicato do Crime do RN, e prometeu "incendiar" a capital do Estado após as transferências, segundo o governo potiguar. Faria avalia que a guerra entre facções criminosas será "permanente" no Brasil. Ele diz que o PCC estabeleceu uma guerra com todas as facções locais.

Nesta terça-feira de manhã, detentos de Alcaçuz continuavam livres dentro dos pavilhões e ainda ocupavam os telhados da penitenciária, que ficou destruída. 

Divisão

Faria declarou que pretende fazer uma separação de membros do PCC e do Sindicato do Crime do RN. Os membros de cada uma das facções irão para unidades prisionais distintas.  "Essa separação agora é fundamental. Até então, nunca havia tido confronto até hoje, dentro de presídio, entre PCC e Sindicato."

O governador afirmou ter certeza de que os acontecimentos no presídio do seu Estado são uma retaliação a mortes de criminosos do PCC nas penitenciárias do Amazonas nos primeiros dias do ano. "Essa briga não é do Rio Grande do Norte. É uma vingança ao caso de Amazonas."

“O Estado não pode ficar emparedado. O Brasil não pode ficar acuado numa hora dessas e se render a essas facções. Senão, será o fim da segurança do Brasil”.

O governo estadual está investigando a possível participação de funcionários do sistema prisional na entrada de armas e objetos proibidos dentro da penitenciária. "Há indício [de algum tipo de facilitação], há uma investigação acontecendo", disse, prometendo punição a quem for identificado. "Um agente penitenciário, seja quem for, ou um policial que colabora com a fuga é pior do que o bandido."