Após morte de sindicalista e ameaças, ônibus param de circular na Grande Vitória
O Sindicato dos Rodoviários de Vitória determinou que todos os ônibus na região metropolitana retornassem aos terminais e informou que o serviço será paralisado por tempo indeterminado devido à falta de segurança.
Segundo o presidente do sindicato da capital, Edson Bastos, nesta quinta-feira (9) o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Guarapari (cidade litorânea a 54 km de Vitória), Wallace Barão, foi encontrado morto com um tiro em Vila Velha, na região metropolitana, e diversos motoristas foram ameaçados.
"A gente tentou, mas não tem como trabalharmos dessa forma. Mataram o Barão, ameaçaram colocar fogo em ônibus, só voltamos quando for realmente seguro transitar", afirmou.
De acordo com Bastos, o sindicalista foi encontrado morto em seu carro por volta das 6h. Depois, homens armados ameaçaram incendiar um coletivo no centro de Vitória, caso os ônibus não retornassem para as garagens.
No bairro de Laranjeiras, na cidade de Serra, um homem vestido de preto teria mostrado uma arma para o motorista, diz Bastos. “Estamos recolhendo tudo.” As empresas chegaram a postar nas redes sociais comunicados informando a paralisação da circulação.
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso é investigado e que, até o final desta manhã, nenhum suspeito havia sido preso.
Os passageiros que já haviam embarcado estão sendo levados de volta aos terminais. Em alguns deles, há militares do Exército fazendo a segurança.
O vendedor Airton Amaral Santos planejava retomar sua rotina nesta quinta-feira, mas, ao chegar ao terminal de ônibus de Vila Velha, encontrou os ônibus voltando e desistiu. "Dependo de ônibus, ia fazer cobranças, mas não tem como", diz. Ele conta que, como mora sozinho em Vitória, desde segunda está "sitiado" na casa do irmão, em Vila Velha.
"Ouvi tiroteios perto da minha casa na segunda, fugi com a minha gata para o meu irmão. Estamos os dois sitiados com ele."
Entenda a crise no Espírito Santo
No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais.
Desde segunda-feira (6), o movimento é considerado ilegal pela Justiça do Espírito Santo porque ele caracteriza uma tentativa de greve, o que é proibido pela Constituição. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil por dia pelo descumprimento da lei.
A ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirma não ter relação com o movimento. Segundo a associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento real, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.
A SESP (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social) contesta as informações passadas pela associação. Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de 38,85% nos últimos sete anos a todos os militares e a folha de pagamento da corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos cinco anos.
Na noite de quarta-feira (8), integrantes do governo reuniram-se com representantes do movimento de familiares, que apresentou uma pauta de reivindicações --anistia geral para todos os policiais e 100% de aumento para toda a categoria-- e uma nova reunião, com a presença do governador César Calnago (PSDB), foi marcada para esta quinta-feira (9).
Em função da morte de um agente, os policiais civis também paralisaram os seus serviços na quarta. Eles devem decidir se entrarão em greve hoje, em assembleia conjunta com os agentes penitenciários.
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