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Criança baleada em arrastão no RJ é sepultada com bola, pipa e vestido de Homem Aranha

5.set.2017 - Pai do menino Renan Macedo segura bola durante sepultamento do filho - Marcelo Theobald/Agência O Globo
5.set.2017 - Pai do menino Renan Macedo segura bola durante sepultamento do filho Imagem: Marcelo Theobald/Agência O Globo

Carolina Farias

Colaboração para o UOL, no Rio

05/09/2017 18h18Atualizada em 05/09/2017 23h02

O menino Renan dos Santos Macedo, 8, foi enterrado no fim da tarde desta terça-feira (5) em Duque de Caxias, vestido de Homem Aranha, seu personagem favorito. Foram colocados em seu túmulo sua bola de futebol, uma pipa e seus DVDs favoritos. O sepultamento foi no cemitério Nossa Senhora das Graças, mesmo onde foi enterrado o bebê Arthur, dia 31 de julho, baleado na barriga da mãe.

"Ele amava o Homem Aranha, era seu herói. Também adorava o quarteto fantástico e os vingadores, além do Chaves e Chapolim, assistia sem parar", disse Nilton Siqueira Macedo, pai do menino.

Baleado na cabeça no último domingo (3), quando seu pai tentava escapar de um arrastão na cidade, o garoto chegou a resistir a nove paradas cardíacas, mas morreu na segunda-feira (4). A Polícia Civil investiga o caso, mas o pai disse que não quer acompanhar.

Prefiro não acompanhar [as investigações], nada o trará de volta. O importante é que ele era muito querido e isso foi visto aqui, muita gente da família e amigos

Nilton Siqueira Macedo, pai de Renan

Renan também era querido no bairro onde morava e na escola onde estudava, o Educandário Frei Fabiano, e seu velório reuniu cerca de uma centena de pessoas.

"Ele passou em casa antes de sair com o pai e acontecer isso. Eles iam passear em Gramacho. Vai fazer muita falta, era um menino muito amoroso. Vai ser muito difícil sem ele", disse a dona de casa Cleide Siqueira Macedo, tia de Renan.

"Ele era muito companheiro da mãe porque o irmão dele já é bem mais velho", acrescentou a tia.

Luciene dos Santos, 37, mãe de Renan, passou mal ao fim do velório e precisou ser amparada por familiares.

Segundo Reginaldo Siqueira Macedo, outro tio do menino, Renan era uma criança brincalhona e gostava muito de jogar bola. "Quando me via, pedia para jogar bola. Corria muito. Era uma criança real", afirmou o tio.

A escola onde estudava teve a aula suspensa nesta terça. Professoras e alunos estiveram no velório. "Ele era comportado, participativo. Gostava de futebol, uma criança admirável. Todos estão muito abalados na escola. Nunca vimos isso", afirmou a professora Ana Maria Teixeira.

Bruno de Sousa, enteado de Nilton, convivia com o garoto aos fins de semana. Vai sentir falta do companheiro de bola. "Falei com ele domingo. Foi rápido. Ele era muito alegre, gostávamos de brincar juntos", afirmou o estudante.

Renan foi atingido quando criminosos atiraram cinco vezes contra o carro onde o menino e pai seguiam para um passeio. A criança estava internada no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias, onde teve morte cerebral constatada na segunda-feira (4) por volta das 17h30.