Intervenção faz 'pente-fino' em batalhão da PM; Rio soma 25 policiais militares mortos no ano
O chefe do GIF (Gabinete de Intervenção Federal), general Mauro Sinott, vai liderar uma inspeção no 14º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (14).
O procedimento será rotineiro a partir desta semana, segundo informou o GIF. A cada semana, uma organização policial militar ou civil será inspecionada.
Segundo o comunicado, “o objetivo da inspeção é fazer um diagnóstico das áreas funcionais, que estão em análise pelo Gabinete de Intervenção Federal, para futuras ações”. Ainda de acordo com o GIF, a intenção é conversar com cada setor para fazer um levantamento das necessidades do batalhão, a fim de descobrir quais as principais gargalos e, desta forma, traçar um diagnóstico preciso de atuação e recursos necessários.
O 14º BPM é responsável pelo patrulhamento na Vila Kennedy, comunidade que vem passando por sucessivas operações das Forças Armadas e que recebe patrulhamento diário com 300 militares desde o último sábado (10). A presença dos militares, no entanto, se dá durante o dia --não estão previstas operações permanentes das Forças Armadas em comunidades. À noite, cabe à Polícia Militar a presença na região da Vila Kennedy, que é considerada pelo interventor, general Walter Souza Braga Netto, como um “laboratório” para as ações de intervenção.
Na tarde de hoje, o sargento Rafael Luiz Fortunato dos Santos, 38, lotado no 14º BPM (Bangu), morreu baleado na cabeça após tentativa de roubo na estrada Porto Nacional, em Bangu. Ele foi encaminhado ao Hospital Municipal Albert Schweitzer.
"O policial militar reagiu e foi baleado pelos criminosos, ele foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. O sargento Fortunato tinha 38 anos, estava na corporação há 17 anos e deixa esposa e dois filhos. Ainda não temos informações sobre o sepultamento”, disse a PM em nota.
De acordo com informações do hospital, o sargento chegou a balear um dos envolvidos no assalto. O homem de 19 anos, cuja identidade não foi revelada, também morreu.
A Polícia Militar informou que, até o momento, o Estado registrou a morte de 25 policiais militares no ano --seis em serviço, 17 de folga e dois reformados.
O Batalhão de Bangu
O batalhão de Bangu já foi alvo de investigações sobre esquemas de corrupção. Em 2014, policiais militares do alto escalão do 14º BPM foram presos suspeitos de cobrar propinas "até para uma simples entrega de geladeira”, segundo o então promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) Cláudio Calo. Entre os presos, estava o ex-comandante do batalhão e, à época, chefe do COE (Comando de Operações Especiais) Alexandre Fontenelle Ribeiro, terceiro homem na hierarquia da corporação.
O 14º batalhão esteve envolvido em outras denúncias de corrupção de policiais. Em abril de 2013, durante a Operação Compadre, que deu origem à ação de 2014, a polícia cumpriu 78 mandados de prisão, 53 deles contra PMs, muitos deles do 14º BPM, para a desarticulação de uma quadrilha que realizava cobranças de propina de feirantes e comerciantes com mercadorias ilícitas em Bangu.
Em janeiro de 2011, o tenente-coronel Djalma Beltrami foi preso sob suspeita de participar de suposto esquema de propinas cobradas de traficantes de drogas quando era comandante do 14º BPM. Em 2009, o então comandante do 14º BPM, coronel Celso Lacerda Nogueira, foi condenado a sete anos de reclusão, além da perda do cargo, acusado de participar de uma quadrilha que chefiava grupos criminosos, cuja rivalidade pelo domínio do jogo ilegal causou dezenas de mortes na zona oeste do Rio.
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