Corpo de vereadora é sepultado no Rio aos gritos de "Marielle presente"
O caixão com o corpo da vereadora Marielle Franco (PSOL), 38 anos, chegou às 17h desta quinta-feira (15) ao cemitério São Francisco Xavier, no complexo do Caju, zona norte do Rio de Janeiro. Ela e o motorista Anderson Pedro Gomes, 39, foram assassinados a tiros na noite de quarta (14).
Familiares e amigos da vereadora aguardavam a chegada do caixão vestidos em sua maioria de preto e com adesivos colados ao corpo com a frase "Marielle presente".
Muito emocionada, a atriz Zezé Motta esteve no cemitério para prestar homenagem uma homenagem à vereadora. "Ela era amiga do Brasil. Fico me perguntando quem vai sobrar na política se pessoas como ela estão sendo assassinadas. Uma mulher que lutava pelos direitos humanos. É uma barbárie, estou indignada", disse chorando.
Antes do sepultamento, foram ditas palavras em homenagem a Marielle, chamando-a de "guerreira", e feita uma oração. "Vida tirada, vida ceifada. Mas a luta continuará. A luta não vai parar, por justiça, por verdade", disse o padre Geraldo Natalino, que coordenou a oração. Ele é pároco da igreja Santa Bernardete, em Higienópolis, e São Daniel, em Manguinhos, que Marielle frequentava.
Amigos e parentes entoaram "Marielle presente". Integrantes do PSOL, como o pré-candidato à presidência da República Guilherme Boulos, acompanharam o funeral.
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Benedita da Silva, deputada federal pelo PT, se emocionou durante o enterro. "Ela foi a terceira vereadora negra do Rio. A primeira fui eu, a segunda a Jurema Batista e a terceira ela. Estou reunindo forças para falar. São poucos os que têm essa coragem. Mulher negra, da favela. É terrível acontecer isso", disse a petista.
"Não estamos em intervenção para garantir nossa segurança? Segurança de quem? Eles (interventores) têm que correr atrás disso", completou a parlamentar, que afirmou que, na segunda-feira (19), a comissão da Câmara que vai acompanhar a intervenção se reúne com o interventor, general Braga Netto.
Elenice Barbosa, da organização Mulheres de atitude, fundada em 2010 pela vereadora em Manguinhos, zona norte do Rio, também compareceu ao enterro. A ONG trata do empoderamento e fortalecimento da mulher na favela. "Só estamos mais fortalecidas, apesar disso", afirmou sobre a morte de Marielle
O velório de Marielle e Anderson durou cerca de 1h30 na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e foi tomado de emoção. Os corpos chegaram à Casa por volta das 14h30 sob fortes aplausos. A cerimônia foi fechada para amigos e familiares, e centenas de pessoas se reuniram em frente, em vigília. Depois, elas seguiram em marcha em direção à Alerj (Assembleia Legislativa no Rio). Em cartazes, manifestantes questionavam "Quem matou Marielle?".
Ao final do velório, o corpo de Marielle seguiu para o cemitério do Caju, e o de Anderson, para o cemitério de Inhaúma.
Investigações
A Polícia Civil do Rio investiga a possibilidade de a vereadora carioca ter sido seguida desde que deixou um evento na Lapa, na região central, até o momento em que foi assassinada, em uma rua próxima à Prefeitura do Rio, no bairro Estácio, também no centro.
A vereadora foi assassinada com ao menos quatro tiros dentro de um carro. Ela voltava de um evento chamado "Jovens Negras Movendo as Estruturas".
Cerca de 4 km separam o local do evento do ponto onde ocorreu o crime. No trajeto, o carro em que Marielle estava circulou por diversas ruas movimentadas, sendo atacado no momento em que passava por um local mais ermo.
A polícia também investiga se alguma pessoa envolvida no crime estava monitorando a vereadora durante o evento. Ninguém foi preso até o momento.
A vereadora fez uma denúncia, no último sábado (10), em seu perfil nas redes sociais contra policiais do 41º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Acari. Segundo a vereadora, o batalhão estaria "aterrorizando e violentando moradores de Acari".
Há duas semanas, ela assumiu a função de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio criada para acompanhar a atuação das tropas na intervenção federal na área de segurança do Rio.
* Com reportagem de Carolina Farias, Léo Burlá, Luis Kawaguti, Paula Bianchi e Silvia Ribeiro, e colaboração de Lola Ferreira e Marina Lang
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