"Além de Marielle, todos os dias jovens negros morrem no Rio", diz suplente
Quem assume a cadeira de Marielle Franco, vereadora assassinada na noite de quarta-feira (14) no Rio, é um velho conhecido da política nacional. João Batista Oliveira de Araújo, o Babá, ainda não sabe quando deve tomar posse e garante não ter ainda pensado na questão.
Segundo ele, a prioridade é acompanhar os desdobramentos da investigação do crime --que também vitimou o motorista Anderson Pedro Gomes-- e questionar a intervenção militar na segurança do Estado.
"Jamais esperava essa barbaridade. Sou suplente, vou ter que assumir na realidade. Mas agora estou preocupado com a investigação para pegar os assassinos e também demonstrar que essa intervenção não resolve a situação”, afirmou o político de 64 anos.
Babá é um velho conhecido da política nacional. Pelo PT ele foi vereador em Belém (sua cidade natal), deputado estadual no Pará entre 1991 e 1998, e ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Estado de 1999 a 2006.
Expulso do Partido dos Trabalhadores em 2003 por críticas ao governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, veio para o Rio para ser um dos fundadores do PSOL. Na eleição de 2016 para vereador, Babá recebeu 6.661 votos.
Na Câmara Municipal do Rio, ele ainda não sabe quais serão os rumos do mandato e se vai seguir a linha de Marielle, que era atuante na defesa dos direitos humanos e das mulheres negras, principalmente.
“Nesse momento a preocupação nem é com a posse, o dia que vou assumir nem o que vou fazer no mandato. Lógico que sempre tive preocupação com movimentos sociais, a luta das mulheres. Minha preocupação agora é que haja punição aos culpados”, ressaltou.
Segundo ele, toda a bancada do PSOL na Câmara, nos Estados, municípios e os diretórios do partido estão acompanhando o caso.
“É nossa obrigação pedir medidas necessárias não só para isso [o crime], mas para tudo, contra esse governo [do presidente] Michel Temer [MDB], [do governador] Luiz Fernando Pezão [MDB], sem esquecer do [ex-governador] Sérgio Cabral [MDB]. Eles causaram todo esse drama no Estado. Além de Marielle, todos os dias jovens negros morrem no Rio e em todo Brasil”, afirmou.
Babá já foi vereador no Rio
No Rio, não será a primeira vez que assume o cargo de vereador. Ele também foi eleito primeiro suplente em 2012 e ocupou a cadeira de Eliomar Coelho, que foi eleito deputado estadual dois anos depois.
Em seu mandato, apresentou projetos a favor de professores, estudantes, e usuários dos transportes públicos.
O futuro vereador é professor de ciências sociais na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e integrante do Fórum de Ciências e Cultura. Quando era deputado nas duas casas legislativas, segundo ele, fez questão de manter um salário igual ao de professor, sem receber os aditivos que o cargo dispõe.
“Em todos os anos como deputado eu não enriqueci. Também não aceitei a aposentadoria. Se eu tivesse um padrão de vida de deputado na época, não conseguiria voltar a ser professor.
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