Cristian Cravinhos morava com irmão e mãe e levava vida discreta antes de voltar a ser preso
“Nem o Cristian, nem o Daniel, nem a mãe deles apareceu por aqui hoje, não”, afirma ao telefone a empregada doméstica que limpa diariamente a casa localizada em uma vila próxima ao aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo.
O endereço foi informado por Cristian Cravinhos de Paula e Silva, 42, à Polícia Civil, durante depoimento prestado na delegacia de Sorocaba, na madrugada desta quarta-feira (18), quando foi detido sob acusações de tentativa de agressão à ex-mulher, tentativa de suborno a policiais e porte ilegal de armas.
Segundo a diarista, vivem no local os irmãos Cravinhos, desde que foram beneficiados com o regime aberto, e a mãe, Nadja. Os dois foram condenados pela morte do casal Manfred e Marísia von Richtofen em outubro de 2002.
Um outro irmão de Cravinhos, mais velho, se tornou um publicitário reconhecido. Ele não utiliza o mesmo sobrenome dos irmãos, apesar de tê-lo. “Não tenho nada a ver com isso”, disse o publicitário à reportagem, após pedido de entrevista.
A vila tem, ao todo, seis casas. Nenhum vizinho quis falar com a reportagem. No quarteirão, há poucos vizinhos e alguns estabelecimentos comerciais: uma cantina italiana, um hipermercado, uma casa noturna, uma mecânica, um banco e uma escola infantil, além de uma padaria.
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Nessa padaria, Cristian costumava conversar com desconhecidos. Um dos atendentes diz que ele ia diariamente ao local para comprar maço de cigarros. “Só conhecia ele. O outro [Daniel], não. Ele é bem de boa e tranquilo. Nunca mexeu com ninguém e, apesar de as pessoas o reconhecerem, ninguém nunca mexeu com ele também”, disse, pedindo para não ser identificado.
Na cantina italiana que divide parede com a vila onde moram os irmãos, um dos garçons foi pego no susto. “Nunca imaginei que eles pudessem estar aqui, ao lado. Trabalho aqui há anos, tenho clientes amigos que moram aqui [na vila] e não sabia disso”, disse.
Cristian Cravinhos afirmou à polícia que está exercendo a profissão de músico. Ele foi detido com uma camiseta de um grupo de motoqueiros roqueiros e jaqueta preta. A polícia apura a possibilidade de que ele estivesse a trabalho em Sorocaba, no interior, onde foi detido. Outra probabilidade é a de que ele tenha ido à cidade exclusivamente para falar com uma ex-mulher, que não teve a identidade revelada.
Cravinhos pode ter descumprido uma das ordens do regime aberto, que não permite, sem autorização judicial, a permanência do condenado fora de sua casa durante a noite.
Segundo a Polícia Civil, uma equipe da PM (Polícia Militar) foi acionada para atender uma denúncia de agressão a uma mulher. Ao chegar no local dos fatos, Cristian teria se apresentado como "um dos irmãos Cravinhos". A mulher que teria sido agredida assumiu que tinha um relacionamento antigo com ele.
Numa busca, os policiais disseram ter encontrado uma arma, que havia sido indicada pela ex-mulher. Cristian negou que portasse a arma e disse que apenas discutiu com a ex-companheira. Na carteira dele, havia R$ 1 mil. Segundo os PMs, Cravinhos sugeriu que os policiais ficassem com o dinheiro para ele poder ser liberado.
Ainda segundo versão apresentada pelos PMs na delegacia, Cravinhos teria dito que um de seus irmãos, Daniel, também condenado pelo assassinato do casal Von Richthofen, viria de São Paulo com mais R$ 2.000 para entregar aos policiais.
Ele foi preso em flagrante por corrupção ativa e posse ilegal de arma de fogo e levado a uma cela do 4º Distrito Policial de Sorocaba. A mulher que estava com ele foi liberada. Em audiência de custódia, o TJ (Tribunal de Justiça) paulista converteu a prisão de Cristian em preventiva.
Ele deve ir ao presídio de Tremembé, onde estava preso antes. Nesta quarta-feira, após a audiência de custódia, ele foi levado ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Sorocaba.
Cristian Cravinhos foi beneficiado com o regime aberto em agosto do ano passado. Em janeiro deste ano, seu irmão, Daniel, também obteve o benefício. O UOL não conseguiu contatar a defesa de Cravinhos.
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