Marielle: após 2 meses, polícia trabalha em evidências para ligar suspeitos à cena do crime
A morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes no Rio de Janeiro completou dois meses neste domingo (13) sem que a polícia tenha realizado prisões ou apresentado suspeitos. Um dos principais focos de atenção dos policiais no momento é juntar evidências que possam ligar pessoas investigadas à cena do crime.
Marielle e seu motorista foram assassinados a tiros no centro do Rio de Janeiro após saírem de carro de uma reunião.
Leia também:
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Uma testemunha que está colaborando com a polícia acusou um policial militar, um ex-PM ligado a uma milícia e dois homens que não tiveram as identidades reveladas de terem participado dos assassinatos na noite do dia 14 de março, segundo reportagem do jornal O Globo publicada na semana passada. O ministro da Segurança Pública Raul Jungmann disse que os citados seriam investigados.
Essa testemunha também acusou o vereador Marcello Siciliano (PHS) e um ex-PM que está preso de terem planejado o crime. Siciliano negou a acusação, disse que a notícia é um "factoide" e afirmou querer ver o crime esclarecido. A defesa do ex-PM não foi encontrada pela reportagem.
A Polícia Civil optou por não confirmar nem negar as informações, argumentando que vazamentos de dados podem prejudicar as investigações.
Fontes policiais disseram ao UOL que, no momento, um dos principais focos da investigação é trabalhar em fragmentos de impressões digitais encontrados em cápsulas de projéteis deixados pelos assassinos na cena do crime.
Esses fragmentos de impressões digitais teriam sido deixados nas munições no momento em que um suspeito carregou a arma no processo de preparação para o crime.
Eles estão sendo comparados com impressões digitais de pessoas consideradas suspeitas do crime. Porém, as fontes da polícia que falaram com o UOL não confirmaram se as impressões digitais dos acusados pela testemunha-chave fazem parte desse processo.
O trabalho está sendo feito por um perito especializado que recebeu treinamento nos Estados Unidos, mas a polícia ainda não divulgou os resultados. Caso alguma dessas comparações der positiva, a polícia conseguirá ligar um ou mais suspeitos diretamente à cena do crime.
Além do fragmento de impressão digital, a polícia tentou, com a reprodução simulada da noite do assassinato, verificar se os fatos revelados por testemunhas são plausíveis e se a dinâmica do crime aconteceu da forma narrada. A reconstituição das mortes da vereadora e do motorista ocorreu entre quinta (10) e sexta-feira (11) e durou mais de 5 horas. Os relatos de testemunhas, como o da assessora que estava no carro com Marielle e Anderson, foram usados como base.
Com a reconstituição, também foi possível confirmar que a arma utilizada no crime foi uma submetralhadora HK MP5. Com isso, a Polícia Civil pretende fazer perícia em todas as armas desse tipo que pertencem às forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro.
Juntas, essas evidências podem fortalecer os argumentos da Polícia Civil para, no futuro, pedir as prisões de eventuais suspeitos de ligação com o crime.
Entenda o caso
A vereadora Marielle Franco, 38, foi assassinada a tiros na noite de 14 de março, no bairro do Estácio, no centro do Rio. A vereadora voltava de um evento chamado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”, na Lapa, também na região central, quando um carro emparelhou com o veículo em que ela estava e efetuou disparos.
A polícia acredita que ao menos 13 projéteis foram disparados contra o carro em que as vítimas estavam na noite do crime – quatro atingiram Marielle na cabeça. A vereadora e o motorista morreram no local.
A investigação do crime está mobilizando uma grande estrutura policial, pois o resultado terá impacto direto na percepção de segurança dos moradores do Rio de Janeiro. O desfecho deve influenciar também politicamente a imagem do governo federal e dos interventores.
A Divisão de Homicídios da Polícia Civil está conduzindo as investigações, mas tem apoio da Polícia Federal e de órgãos de inteligência civis e militares.
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