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Caso Marielle: ex-PM delatado pede transferência de presídio por medo de envenenamento

Araújo foi detido em ação da Draco-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais), em novembro - Reprodução/Facebook
Araújo foi detido em ação da Draco-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais), em novembro Imagem: Reprodução/Facebook

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

11/05/2018 15h29

A defesa do ex-policial militar Orlando Oliveira Araújo, acusado de chefiar uma milícia carioca e investigado após denúncia de que teria sido o mandante da morte de Marielle Franco, pedirá nesta sexta-feira (11) a transferência do suspeito para a carceragem da Divisão Antissequestro da Polícia Civil fluminense.

Preso preventivamente em Bangu por um homicídio ocorrido em 2015 e por outros crimes, o ex-PM estaria fazendo greve de fome por medo de ingerir comida envenenada, segundo relatou o advogado Renato Darlan. Araújo nega ter planejado o assassinato da vereadora do PSOL, baleada em uma emboscada na região central da cidade, em 14 de março.

A defesa sustenta que, na quarta-feira (9), o investigado deixou a unidade Bandeira Stampa (Bangu 9) e foi encaminhado para a Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino (Bangu 1), considerada de segurança máxima pelo governo estadual. Desde então, estaria em regime disciplinar diferenciado e sem direito a visitas de parentes.

O deslocamento teria ocorrido um dia depois de uma reportagem de "O Globo" na qual o ex-policial e o vereador Marcello Siciliano, líder do PHS na Câmara Municipal, são apontados por uma testemunha não identificada como mandantes do crime. Na quinta (10), o ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann, confirmou que ambos são investigados. Assim como o ex-PM, Siciliano nega qualquer relação com o crime.

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Quando estava em Bangu 9, segundo o advogado, o ex-PM teria sofrido uma tentativa de envenenamento ao ingerir refeição fornecida pelo sistema prisional. A partir disso, teria começado a se alimentar apenas com o que era levado pela família nos dias de visita. Como está supostamente em regime disciplinar, em Bangu 1, isso não seria possível.

"São dois dias sem comer. Ele está muito abatido e com dificuldade de falar e raciocinar. Existe claramente uma pressão psicológica para que ele fale o que ele nem fez", afirmou Darlan.

O defensor também disse que o cliente relatou ter sofrido uma "ameaça" na quinta-feira (10), quando um delegado da Divisão de Homicídios, responsável pela investigação do caso Marielle, teria visitado Araújo em Bangu 1. "O delegado estava acompanhado de um inspetor e disse a ele: 'ou você confessa esse crime ou eu vou colocar mais dois homicídios na sua conta e vou te mandar para [o presídio federal] Mossoró'", disse.

siciliano e marielle - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Siciliano e Marielle eram colegas na Câmara Municipal do Rio
Imagem: Reprodução/Facebook

Os dois homicídios mencionados na suposta ameaça seriam os praticados contra Marielle e o motorista dela, Anderson Gomes. A referência a Mossoró (RN) diz respeito à penitenciária federal de segurança máxima situada na cidade potiguar.

Darlan afirmou que pretende levar o caso, até então relatado apenas pelo próprio detento, à Corregedoria da Polícia Civil e à Justiça.

A reportagem do UOL solicitou esclarecimentos para as assessorias de comunicação da Polícia Civil e da Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária). Em nota, ambas informaram que não comentariam o assunto. Questionada, a pasta também não se respondeu se o ex-PM foi transferido para Bangu 1.

"O caso da vereadora Marielle Franco está sendo investigado, sob sigilo, pela Divisão de Homicídios da Capital", afirmou a polícia.

"A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária informa que não irá comentar nada que tenha relação com investigação dos homicídios da vereadora Marielle e do motorista Anderson."