Com orçamento reduzido, Museu Nacional acumula cortes desde 2013
O Museu Nacional do Rio de Janeiro, destruído neste domingo (2) por um incêndio de grandes proporções, vinha em acelerado processo de deterioração nos últimos anos, com sucessivos relatos de avarias e falta de manutenção no imóvel imperial situado na Quinta da Boa Vista, na zona norte carioca. O problema tornou-se ainda mais flagrante devido a seguidos cortes orçamentários. A instituição não recebe integralmente, desde 2014, os repasses anuais na ordem de R$ 520 mil.
A verba deveria ser liberada para a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), responsável pela gestão do museu, em três parcelas. No entanto, apenas R$ 300 mil eram destinados à sobrevivência da instituição. O diretor, Alex Kellner, estima que, nos últimos quatro anos, houve uma "queda brutal de orçamento" da UFRJ: R$ 140 milhões apenas com despesas de custeio.
Um relatório elaborado pela Comissão Mista de Orçamento da Câmara dos Deputados e divulgado pelo jornal "O Estado de S.Paulo" mostra que, desde 2013, houve um encolhimento de mais de 30% no volume de repasses da União para o Museu Nacional. Neste ano, a soma de despesas não chega a R$ 100 mil.
Em 2013, de acordo com o documento, foram R$ 979 mil em pagamentos executados pelo museu, já em 2017 esse montante chegou a R$ 643 mil. O levantamento aponta ainda que, em 2018, foram gastos R$ 51.880 com bolsas de estudo e R$ 46.235 para outras despesas.
A direção do Museu Nacional aguardava a liberação de recursos do BNDES, aprovados em 2015, para a execução de um projeto de revitalização orçado em R$ 20 milhões. Na visão do reitor da UFRJ, Roberto Leher, uma fração mínima desse valor, cerca de R$ 2,5 milhões, já teria sido suficiente para evitar a tragédia.
Apesar de aprovados pelo órgão de fomento, esses recursos não foram liberados pelo governo federal. O dinheiro não foi liberado em razão do período eleitoral, que proíbe repasse de órgãos federais. A previsão é que a verba seja repassada após as eleições.
O contrato foi assinado no dia seguinte ao aniversário de 200 anos do museu em junho. Na comemoração, nenhuma autoridade compareceu.
"A parte elétrica não era o maior problema, mas o nosso quadro anti-incêndio era defasado. De certa forma, esse já era um cenário esperado", lamentou o reitor. Ele também fez uma ressalva: "Todos os laboratórios da UFRJ correm riscos semelhantes. O prédio da reitoria da universidade e o Hospital Universitário não estão em situação muito melhor", concluiu.
Kellner também lamentou o episódio. "Os trabalhos de rescaldo não terminaram. É impossível estimar o percentual de acervo perdido, embora saibamos, por exemplo, que toda a parte de zoologia foi perdida. Mas precisamos olhar para frente. Precisamos exigir a concessão do terreno da Quinta da Boa Vista, recursos para gerir o museu dignamente, necessitamos da instalação de contêineres para que os pesquisadores retomem os seus cotidianos, ainda que de maneira improvisada, e de uma avaliação completa dos riscos", disse
De acordo com a reitoria da UFRJ, a universidade sofreu uma perda de R$ 140 milhões no seu orçamento nos últimos quatro anos. Isto teria feito com que os repasses ao museu diminuíssem.
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