Barragem se rompe em Brumadinho e atinge casas; vítimas são levadas a BH
Uma barragem de rejeitos da empresa mineradora Vale se rompeu e outras duas foram atingidas na tarde desta sexta-feira (25) na cidade de Brumadinho, na região metropolitana, a cerca de 60 km de Belo Horizonte. A Defesa Civil de Minas Gerais e o Corpo de Bombeiros enviaram equipes ao local. Emissoras de TV mostraram imóveis e veículos atingidos pelos rejeitos e o resgate de moradores. Ao menos nove pessoas morreram.
Até a noite desta sexta, cinco vítimas (dois homens e três mulheres) foram encaminhadas para o hospital estadual João XXIII, na capital mineira -- o estado delas é estável.
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais estima que entre 235 e 355 pessoas possam estar desaparecidas. Segundo a corporação, o número foi calculado considerando a informação de que 100 funcionários da Vale estariam em uma região próxima ao local, além de considerar a capacidade de restaurantes e estabelecimentos comerciais da área. Os bombeiros informaram ainda que 51 oficiais e 6 aeronaves trabalham na ocorrência. Novos dados serão divulgados apenas pela secretaria do governo do estado.
O governo de Minas Gerais disse em nota que uma força-tarefa do estado está no local do rompimento e que designou a formação de um gabinete estratégico de crise para acompanhar de perto as ações.
Situado no município, o Instituto Inhotim, considerado o maior museu a céu aberto do mundo, foi esvaziado.
Em nota, a Vale confirmou o rompimento e disse que acionou um plano de atendimento à emergência. Segundo a mineradora, a lama atingiu uma parte da área administrativa da barragem onde havia funcionários, o que indicaria a possibilidade de vítimas.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) lamentou a tragédia e também anunciou o direcionamento de autoridades para Minas Gerais. O presidente ainda informou que sobrevoará a região atingida na manhã deste sábado (26) acompanhado do governador de Minas, Romeu Zema (Novo), e do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Ainda não está definido se Bolsonaro descerá ao solo na região atingida.
O Ministério da Defesa disponibilizou três helicópteros de médio porte, equipados e com integrantes das Forças Armadas, para atuar em operações de transporte, busca e resgate de eventuais vítimas na região atingida.
O rompimento aconteceu na região do córrego do Feijão, que deságua no rio Paraopeba. A Prefeitura de Brumadinho emitiu um comunicado nas redes sociais pedindo que a população mantenha distância do leito do Paraopeba. Equipes do hospital municipal João Fernandes do Carmo estão de prontidão, mas não haviam recebido vítimas até o último contato com a reportagem do UOL.
A Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) informa que o abastecimento de água da região metropolitana de Belo Horizonte não será prejudicado com o rompimento da barragem.
"Água está ficando marrom"
O radialista Vanderlei Rodrigues, da Rádio Regional FM de Brumadinho, relatou que os rejeitos já começaram a chegar ao centro da cidade, pelo leito do rio Paraopebas, que corta o município.
"A água já está ficando marrom, começou a chegar aqui", disse em conversa ao telefone com o UOL por volta das 14h40. "Como nos últimos dias choveu muito pouco, e o leito do rio é largo aqui na cidade, estamos com a esperança que ele seja o suficiente para vazar a lama que vem lá de cima sem transbordar."
Rodrigues disse que aparentemente a área mais atingida pelo rompimento foi a da própria Vale, próxima à barragem. De acordo com o radialista, abaixo da barragem principal havia algumas propriedades rurais, como sítios e fazendas, e alguns restaurantes e pousadas. Ele contou que parte do centro da cidade foi esvaziada e "está deserta".
Segundo o governo federal, a ANA (Agência Nacional de Águas) estima que a onda de rejeitos poderá ser amortecida na Barragem da Usina Hidrelétrica do Retiro Baixo, a 220 km do local do rompimento inicial.
Três anos e meio após Mariana
O caso de Brumadinho acontece três anos e dois meses após o rompimento de uma barragem da Samarco em um distrito de Mariana, também em Minas Gerais. A Vale é uma das controladoras da Samarco. Dezenove pessoas morreram na ocasião e milhares perderam as casas em função do vazamento de 40 bilhões de litros de lama.
Segundo o site da mineradora Vale, a barragem principal que rompeu nesta sexta-feira tinha capacidade de 12,7 milhões de metros cúbicos. Para efeito de comparação, a barragem da Samarco, operada pela Vale com a australiana BHP, tinha 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos.
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