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Preso, João de Deus diz ser bem tratado na cadeia e que perdeu 17 kg

João de Deus dá entrevista em uma de suas fazendas em Abadiânia - Reprodução
João de Deus dá entrevista em uma de suas fazendas em Abadiânia Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

08/03/2019 12h35

Suspeito de ter abusado sexualmente de mais de 500 mulheres que buscavam tratamento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), o médium João de Deus disse à revista Veja ter perdido 17 quilos dentro da cadeia, que tem dificuldades para andar e só não morreu porque as "entidades olham muito" por ele. 

As declarações foram dadas segundo a publicação no dia 28 de fevereiro, por escrito, por intermédio dos advogados dele, mas foram publicadas hoje, no Dia Internacional da Mulher. É a primeira entrevista do médium depois que ele foi preso, no dia 16 de dezembro do ano passado, quando se entregou à polícia, após ser considerado foragido. 

Ele disse ser tratado bem dentro da prisão, mas que a vida tem sido "muito dura" e falou que está com a saúde fraca. 

"Estou com 77 anos e tenho dificuldade para andar. Só caminho amparado numa bengala e com a ajuda de outro preso", disse. 

O religioso disse ter perdido 17 quilos desde que entrou na cadeia. "Minhas mãos tremem e tenho tido falta de ar quando caminho. Às vezes sofro de tontura e diarreias. Tenho doenças crônicas, como hipertensão arterial. Durmo muito mal e minha saúde está fraca", queixou-se João de Deus, aludindo à cirurgia que já fez no estômago. 

O estado de saúde do médium de 77 anos já havia sido citado pela defesa para pedir que ele fosse transferido para prisão domiciliar. O pedido foi negado pelo ministro Nefi Cordeiro, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que afirmou que a periculosidade dele justificava a prisão cautelar. Algumas das vítimas afirmaram terem sido ameaçadas após denúncia no Ministério Público. 

A defesa elaborou laudos que devem ser anexados ao processo a fim de pedir que a Justiça garanta a libertação dele ou, ao menos, sua transferência para um hospital. Segundo a Veja, um laudo psiquiátrico assinado pelo médico Leo de Souza Machado diz que João de Deus está instável emocionalmente. "Só não cometeu suicídio pois ainda tem sua filha pequena e não quer morrer sem voltar a vê-la, além de não querer 'contrariar a Deus'".

A perícia feita pelo médico Alberto de Almeida Las Casas Junior diz que o preso está definhando atrás das grades e corre risco de morrer. 

Médium questiona morte de ativista

Na entrevista, João de Deus reafirmou ser inocente das acusações contra ele. "Digo o que disse na polícia e perante o Ministério Público: não pratiquei nenhum abuso contra ninguém", afirmou, repetindo o que sua defesa já vem afirmando desde que a investigação começou. Ele disse ainda achar inacreditável que pessoa que se sinta violentada volte outras vezes para ser atendida. "Não faz sentido", disse.

Ele também afirmou que a filha dele está mentindo ao dizer que ele abusou dela e deu a entender que ela teria problemas mentais. "Ela tem um histórico de internações e, no passado, antes dessa onda de acusações, já se desculpou pelo que disse. Agora voltou a falar, mas não merece fé", disse.

Sobre a ativista Sabrina Bittencourt, que ajudou mulheres que o acusam de violência sexual, afirmou que o suicídio dela pode ser "uma invenção", mas que como está preso não saberia dizer. "A Justiça tem de apurar", disse. 

STJ nega outro pedido de habeas corpus de João de Deus

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