Preso, João de Deus diz ser bem tratado na cadeia e que perdeu 17 kg
Suspeito de ter abusado sexualmente de mais de 500 mulheres que buscavam tratamento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), o médium João de Deus disse à revista Veja ter perdido 17 quilos dentro da cadeia, que tem dificuldades para andar e só não morreu porque as "entidades olham muito" por ele.
As declarações foram dadas segundo a publicação no dia 28 de fevereiro, por escrito, por intermédio dos advogados dele, mas foram publicadas hoje, no Dia Internacional da Mulher. É a primeira entrevista do médium depois que ele foi preso, no dia 16 de dezembro do ano passado, quando se entregou à polícia, após ser considerado foragido.
Ele disse ser tratado bem dentro da prisão, mas que a vida tem sido "muito dura" e falou que está com a saúde fraca.
"Estou com 77 anos e tenho dificuldade para andar. Só caminho amparado numa bengala e com a ajuda de outro preso", disse.
O religioso disse ter perdido 17 quilos desde que entrou na cadeia. "Minhas mãos tremem e tenho tido falta de ar quando caminho. Às vezes sofro de tontura e diarreias. Tenho doenças crônicas, como hipertensão arterial. Durmo muito mal e minha saúde está fraca", queixou-se João de Deus, aludindo à cirurgia que já fez no estômago.
O estado de saúde do médium de 77 anos já havia sido citado pela defesa para pedir que ele fosse transferido para prisão domiciliar. O pedido foi negado pelo ministro Nefi Cordeiro, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que afirmou que a periculosidade dele justificava a prisão cautelar. Algumas das vítimas afirmaram terem sido ameaçadas após denúncia no Ministério Público.
A defesa elaborou laudos que devem ser anexados ao processo a fim de pedir que a Justiça garanta a libertação dele ou, ao menos, sua transferência para um hospital. Segundo a Veja, um laudo psiquiátrico assinado pelo médico Leo de Souza Machado diz que João de Deus está instável emocionalmente. "Só não cometeu suicídio pois ainda tem sua filha pequena e não quer morrer sem voltar a vê-la, além de não querer 'contrariar a Deus'".
A perícia feita pelo médico Alberto de Almeida Las Casas Junior diz que o preso está definhando atrás das grades e corre risco de morrer.
Médium questiona morte de ativista
Na entrevista, João de Deus reafirmou ser inocente das acusações contra ele. "Digo o que disse na polícia e perante o Ministério Público: não pratiquei nenhum abuso contra ninguém", afirmou, repetindo o que sua defesa já vem afirmando desde que a investigação começou. Ele disse ainda achar inacreditável que pessoa que se sinta violentada volte outras vezes para ser atendida. "Não faz sentido", disse.
Ele também afirmou que a filha dele está mentindo ao dizer que ele abusou dela e deu a entender que ela teria problemas mentais. "Ela tem um histórico de internações e, no passado, antes dessa onda de acusações, já se desculpou pelo que disse. Agora voltou a falar, mas não merece fé", disse.
Sobre a ativista Sabrina Bittencourt, que ajudou mulheres que o acusam de violência sexual, afirmou que o suicídio dela pode ser "uma invenção", mas que como está preso não saberia dizer. "A Justiça tem de apurar", disse.
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